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Cassação da Voepass é recebida com indignação por familiares: "Já sabíamos dos riscos"

Certificado foi cassado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)


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Catve

A Associação dos Familiares das Vítimas do voo 2283 da Voepass se manifestou nesta terça-feira (24) com sentimentos de alívio e indignação, após a decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que cassou em definitivo o Certificado de Operador Aéreo (COA) da companhia.

"Infelizmente, tarde demais para os nossos", diz trecho do comunicado.

Com a medida, a empresa está impedida de realizar o transporte aéreo de passageiros, ou seja, não pode mais operar voos nem vender passagens. A decisão é definitiva e não cabe recurso.

Quase um ano após o trágico acidente com o voo 2283, a Anac concluiu que a companhia aérea não atendia mais aos requisitos mínimos de segurança. A cassação do COA representa o fim das atividades da Voepass na aviação comercial brasileira.

A decisão é resultado de um processo de Operação Assistida, iniciado após o acidente, que permitia à empresa seguir operando sob fiscalização rigorosa, com a condição de apresentar melhorias e realizar manutenções obrigatórias. No entanto, a Voepass não cumpriu as exigências técnicas mínimas para continuar operando.

A advogada da associação dos familiares, Bianca Michel Faller, explica que o pedido de cassação não partiu de uma denúncia direta, mas sim das constatações feitas durante a fiscalização da Anac.

"A partir da Operação Assistida, constatou-se que a empresa não tinha mais condições de corrigir as falhas de manutenção que vinham sendo sinalizadas. Ou seja, eles não tinham como garantir a segurança dos voos" afirma.

A chamada "Operação Assistida" envolveu uma varredura nos equipamentos da empresa, iniciada logo após o acidente de 9 de agosto de 2024, quando um turboélice da companhia caiu em Vinhedo (SP), matando 62 pessoas — 58 passageiros e quatro tripulantes. A aeronave havia decolado de Cascavel (PR).

Em maio, a Anac já havia determinado a suspensão das operações da Voepass em primeira instância. O relatório final apontou que, ao longo de 10 meses, foram encontradas diversas irregularidades, como falhas na execução de itens de inspeção obrigatória, que passaram despercebidas pelos controles internos da empresa.

Segundo o relator do processo, diretor Luiz Ricardo Nascimento, foram identificadas 20 inspeções não realizadas em sete aeronaves. Ainda assim, mais de 2.600 voos foram operados em condições irregulares.

Para Fátima Albuquerque, presidente da Associação dos Familiares, o episódio não foi apenas um acidente, mas uma tragédia anunciada.

"Foi uma decisão tardia, né? Mas resultado de muito esforço para que a Anac tomasse uma medida que já deveria ter sido tomada há muito tempo", disse.

Segundo os familiares das vítimas, a decisão definitiva representa um passo importante na preservação da segurança do transporte aéreo no Brasil.

"A gente nunca vai saber quantas vidas foram salvas com essa medida. E, mais do que isso, tem que servir de exemplo para outras empresas que ainda vão chegar ", finaliza Fátima Albuquerque.

Reportagem Deivid Souza | CATVE

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