Cotidiano

Bartô, cachorro resgatado no incêndio do Edifício João Batista, recebe cuidados de vizinha

Enquanto vítimas seguem internadas, o bulldog francês da moradora Juliane é acolhido


O EPC teve acesso, nesta segunda-feira (20), aos áudios registrados na central do Corpo de Bombeiros de Cascavel no dia do incêndio que atingiu o Edifício João Batista Cunha, no bairro Centro. O material mostra a aflição de vizinhos que ligaram pedindo socorro enquanto o fogo consumia o apartamento do 13º andar.

Entre as histórias que surgiram daquele dia está a do Bartô, o bulldog francês de pouco mais de um ano, que sobreviveu ao incêndio e hoje é cuidado com carinho pela auxiliar administrativa Ana Beatriz Barcelos, vizinha da família.

"Desde o dia do incêndio, os vizinhos retiraram ele do apartamento e deixaram comigo. Já levei ao veterinário, ele tomou banho no pet shop, estava com cheiro de fumaça, mas agora tá cheiroso e bonito, né, bebê?", contou Ana.


O apartamento onde morava Juliane Suellem Vieira dos Reis, de 28 anos, foi completamente destruído pelo fogo. Juliane sofreu queimaduras em 63% do corpo e segue internada no setor de queimados do Hospital Universitário de Londrina. A mãe dela, Sueli Vieira dos Reis, de 51 anos, já apresenta melhora e respira sem ajuda de aparelhos. O menino Pietro José Dalmagro, de 4 anos, também está estável, em Curitiba. Dois bombeiros militares ficaram feridos durante o combate às chamas.

"Uma cena que não sai da cabeça"

Enquanto o Bartô se recupera em segurança, as lembranças daquela manhã de 15 de outubro seguem vivas na memória dos moradores.

O técnico em refrigeração Lincon Carlos de Oliveira foi um dos primeiros a chegar ao local e ajudou a retirar Sueli, mãe de Juliane, do apartamento em chamas.

"Ficou marcado na minha cabeça. Uma pessoa tirou uma foto da Juliane saindo, e aquilo martela na minha mente todos os dias. Tá sendo complicado até hoje", disse o morador.

Lincon e o colega Thiago, que moram em um prédio próximo, foram os primeiros a agir antes mesmo da chegada dos bombeiros, pouco antes das 7h. Naquele momento, diversas ligações chegavam à central do Corpo de Bombeiros, relatando o desespero dos moradores na Rua Riachuelo.

Durante o resgate, uma dúvida ainda sem resposta comove os vizinhos: por que Juliane voltou?

Segundo relatos, o menino Pietro e a mãe de Juliane conseguiram sair pela janela do apartamento de baixo, mas Juliane, que havia deixado o local, teria retornado segundos antes de ser alcançada pelas chamas.

Lincon lembra das tentativas de salvamento:

"Eu tentei umas duas, três vezes pegar ela. Eu falei que a estrutura estava firme, que podia ficar tranquila. Fiquei segurando os pés dela até o bombeiro chegar. Pedi pra mandarem ela pra baixo, mas, no momento, optaram por tirá-la pelo andar de cima", relatou.

Luta pela vida

A amiga Alana Karoline Koerich acompanha a recuperação de Juliane em Londrina e trouxe boas notícias:

"Hoje de manhã eu fiz uma nova visita. Ela dormiu bem, não teve intercorrências e já iniciou a alimentação por sonda. Ainda é um quadro crítico, mas cada passo é motivo pra gente ter esperança", contou.

A perícia já foi realizada, mas o laudo que vai indicar a causa do incêndio ainda não foi concluído. O apartamento era alugado e possui seguro.

Enquanto a família luta pela vida, o pequeno Bartô, agora símbolo de sobrevivência e afeto em meio à tragédia, recebe amor redobrado dos vizinhos, que transformaram o cuidado com ele em uma forma de manter viva a esperança.

Confira detalhes no vídeo:

Reportagem de Leandro Souza | EPC - ESPORTE, POLÍTICA E CIDADANIA

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