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A força do cooperativismo no agro


Cooperação, colaboração, cooperativismo. Aqui reside um dos fatores de sucesso do agro brasileiro. Pequenos, unidos, ficam fortes. A força do cooperativismo na agropecuária se comprova na comercialização: cerca de metade da produção agropecuária do país passa por suas mãos, destacando-se trigo (75%), café (55%), milho (53%), soja (52%) e suínos (50%). Existem 1.173 cooperativas do ramo agropecuário no Brasil, congregando cerca de 1 milhão de produtores rurais. Seu ativo total monta R$ 160,1 bilhões, com ingressos monetários de R$ 239,4 bilhões em 2020. Entre as 100 maiores empresas do agronegócio, 20 são cooperativas. A grande maioria dos produtores rurais associados (92,8%) se distribuem entre as cooperativas agropecuárias de 7 estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás. A cultura, europeia especialmente, influencia tal organização. Para fortalecer o sistema cooperativista, no início do governo de FHC (1999) o Banco Central autorizou o funcionamento dos democráticos bancos cooperativos: surgiram o Sicoob e o Sicredi. Eles aglutinam 775 cooperativas de crédito, que mantém 7.223 UA (unidades de atendimento) espalhadas pelo país. Para comparação, o Banco do Brasil tem 4.368 UA. DE ONDE VEM A EXTRAORDINÁRIA FORÇA DAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS? Advém da sua capacidade em organizar o mercado, permitindo que milhares de pequenos e médios produtores tenham privilegiado acesso a ele. Agricultores são bons em plantar e colher, não necessariamente em vender. Grandes cooperativas também fornecem insumos (fertilizantes e defensivos agrícolas) e asseguram o mais importante: a assistência técnica, qualificada e individualizada, aos produtores rurais. Essa estrutura tem como resultado o nível tecnológico, e por decorrência, a produtividade/rentabilidade de pequenos produtores, por exemplo, de soja no Paraná. Estes produtores têm produtividade/rentabilidade semelhante, ou maior, que aquela verificada nos grandes fazendeiros do Mato Grosso. No século 21, quem manda é a tecnologia agrícola, não mais o tamanho da terra. As cooperativas abrem a porta do sucesso no agro. Noutros casos, crescentes, a cooperativa investe na transformação do produto básico, ou seja, no processamento de alimentos, agregando valor às suas mercadorias através da integração vertical. Surgem assim excelentes frigoríficos (de frango, suíno, bovino, tilápia), fábricas de óleos vegetais, e outras indústrias. Levam muitas cooperativas a, inclusive, disputarem o mercado de varejo. No mundo digital, de rápidas mudanças, o acesso às informações, obtida pela cooperação entre agentes, é essencial para a competitividade. Acabou a época do individualismo no agro. A ordem é compartilhar conhecimento. Dialogar com o próximo. Ponto para o cooperativismo. Após duro aprendizado de gestão, quando na época da economia inflacionária muitas cooperativas foram quebradas, agora o cooperativismo brasileiro se consolida como caminho virtuoso para o futuro da agropecuária. Virou a página. Nada de exceção, é a regra. Segundo a Aliança Cooperativa Internacional, existem 3 milhões de cooperativas, de todos os ramos, no mundo. Agregam cerca de 1 bilhão de pessoas. A Alemanha sedia o maior banco cooperativo do mundo, o Rabobank; da Nova Zelândia, a Fonterra lidera o mercado mundial de leite; no Japão, 92% dos alimentos vêm de cooperativas. Após essa terrível pandemia, percebe-se crescer na sociedade global os valores da solidariedade, da sustentabilidade e da ajuda mútua. Ao egoísmo se contrapõe o altruísmo. Eram esses os princípios morais de 28 operários que, em 1844, criaram na Inglaterra a 1ª cooperativa, intitulada Rochdale Quitable Pioneers Society Limited. Um exemplo a ser valorizado.

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