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Ceará dá tiro no pé ao proibir pulverização aérea de agrotóxicos


O Estado do Ceará proibiu a pulverização aérea de agrotóxicos. Tomou uma decisão política e deu um tiro no pé de sua agricultura. Aniquila assim sua importante bananicultura. O Ceará é o segundo maior produtor nacional de bananas, com a maior parte das plantações, quase sempre irrigadas, na Chapada do Apodi e no Cariri. Seus pomares geram uma fruta de excelente qualidade, com boa produtividade, exportada para o exigente mercado da Europa. Duas doenças graves, causadas por fungos, atacam os bananais em todo o mundo: a sigatoka amarela e, mais perversa, a sigatoka negra. Quando os esporos inoculam as plantas, seu controle é difícil, exigindo defensivos químicos. As perdas de produção variam de 50% a 100%. Se relaxar, destroem os pomares. A pulverização aérea de pesticidas é a forma mais eficiente de tratamento fitossanitário em pomares de banana. A razão se explica pela arquitetura das plantas, delineada por inúmeras e enormes folhas, que fecham as ruas de plantio, dificultando o trato mecanizado dentro da lavoura. Aviões são a solução. Você pode estar pensando que a lei, proposta pelo deputado Renato Roseno, do PSOL, visa acabar com um bacanal aéreo, cheio de mortíferos agrotóxicos, nas lavouras cearenses. Só que não. Por razões climáticas favoráveis, a bananicultura do Ceará realiza em média 2 e, no máximo, 3 pulverizações aéreas, por ano, no controle fitossanitário. Nas demais regiões produtoras do Brasil, e mesmo do Equador ou na Costa Rica, nossos concorrentes mundiais, em geral se fazem de 8 a 10 operações. Proibida a utilização de aviões, as pragas do bananal passaram, neste ano, a ser combatidas com pulverizadores costais, operados manualmente. Além de ser uma operação mais perigosa aos trabalhadores rurais, o volume de calda tóxica utilizada é até 8 vezes maior. Ou seja, piorou a situação ambiental e de saúde pública nos bananais cearenses. E a produtividade despencou. É inusitado. Os deputados estaduais aprovaram uma lei que coloca o Ceará na rabeira da tecnologia agrícola, causando desemprego e pobreza especialmente nas zonas de produção de banana. O drama já começou a ser mostrado em vídeos que circulam pela internet, mostrando pés de bananeira morrendo contaminados pelo mal da sigatoka amarela. Nos primórdios da Revolução Industrial, trabalhadores ingleses do ramo da fiação e da tecelagem começaram a destruir, com pancadas de marreta, os recém chegados teares mecânicos. Essa reação violenta ao progresso técnico, que obviamente não prosperou, ficou conhecida na história como "ludismo", pois o sindicalista Ned Ludd a liderava. Os deputados do Ceará, motivados talvez pela luta ideológica contra o agronegócio, tiveram uma recaída ludista em pleno século 21. Ora, se existem problemas na aplicação aérea de agrotóxicos, o certo é corrigi-los, reforçar a fiscalização. Jamais proibir a tecnologia. Na Europa, onde as propriedades rurais são muito pequenas e o campo é povoado, a pulverização aérea tem sido bastante restringida. Faz sentido. Proibir a aplicação aérea com ventos fortes, que provocam deriva de pesticidas, também é correto. O piloto do avião, claro, deve ser profissional treinado. O governador Camilo Santana, que é engenheiro agrônomo de formação, certamente sabe que a lei é exagerada. Ao proibir a pulverização aérea de agrotóxicos, o Ceará impede também a utilização da mais espetacular tecnologia que está surgindo no campo: os drones. Guiadas remotamente, essas pequenas e incríveis máquinas voadoras começam a ser utilizadas no combate de pragas agrícolas. Seu modo de ação é revolucionário, aplicando o pesticida apenas em pontos localizados, onde seus sensores ultramodernos localizam uma reboleira de patógenos. A redução de pesticidas chega a 90% da área. Risco ambiental zero, saúde 100% protegida. Tudo indica que nessa década o Brasil se tornará o maior fornecedor mundial de alimentos. A riqueza que brota da terra embasará o desenvolvimento nacional. O Ceará não pode perder esse bonde do futuro.

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