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Mensagem de Natal, de Xico Graziano

Natal tinha significado mais profundo; mercantilização da data é consumismo


Quando eu morava na fazenda Santa Clementina, em Araras (SP), Natal era sinônimo de presépio e oração. Uma festa religiosa. Não me lembro de haver essa montanha de presentes que hoje caracteriza a data cristã. Nem tampouco tinha tanta comilança e bebedeira. Era mais simples e profundo. Minha família comemorava o nascimento de Cristo agradecendo pelas bençãos recebidas na colheita, pedindo a graça da saúde e a virtude da prosperidade. Gratidão pela vida. Sim, uma lembrancinha meus pais traziam, geralmente uma roupa nova, raramente um brinquedo. Na árvore de Natal as pequenas luzes clareavam bolas de vidro coloridas entremeadas com mensagens de paz. A mercantilização do Natal, vivenciada atualmente, é obra do consumismo que passou a dominar os festejos tradicionais da sociedade. Todos eles, fora as novas datas -dia disso, dia daquilo- passaram a significar um grande comércio embalado pela engrenagem do marketing. O Natal, assim, perdeu seu sentido religioso e se transformou em um negócio lucrativo. Quase desapareceram os presépios. Paciência. É assim que funciona a sociedade capitalista contemporânea, fazendo brilhar os olhos das crianças e adultos para movimentar a roda da economia. Como filho de agricultores e engenheiro agrônomo, o que mais sinto nessa modificação da festa natalina é perceber que os comensais se esqueceram da origem do alimento na sua ceia. As pessoas se deliciam na mesa de Natal sem saber que aquele peru custou o suor de um produtor rural. As famílias não apenas abandonaram a oração ou deixaram de rezar o Pai Nosso ao menino Jesus. Houve total distanciamento delas com a origem da comida natalina. Perdeu-se a noção da importância do trabalho no campo para a fartura da cidade. Frutas deliciosas, castanhas e pães, o trigo da lasanha, o pernil que vai ao forno, a uva que virou champanhe, o cereal fermentado na cerveja, o chocolate e o açúcar do doce, basta um tiquinho de atenção para perceber que, afora tantos brinquedos e luzes, quem garante a sustância da festa de Natal é o agricultor. Sem abandonar a moda da atualidade, eis que o passado nunca volta, sugiro todos fazerem um brinde especial àqueles que saciaram sua alegria neste Natal. Uma reverência às nossas origens. Feliz Natal para todos meus leitores!

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