Lembranças, momentos e histórias interrompidos cedo demais. Júlia Kwapis, de apenas 14 anos, é uma das vítimas do tornado F3 que devastou a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Centro-Sul do Paraná, na última sexta-feira (7).
Mesmo tão jovem, Júlia deixou marcas em quem a conheceu, por sua simpatia, por ser amorosa e carinhosa com quem estava ao seu redor. Esses momentos sempre serão lembrados pela família e pelos amigos, que hoje choram a partida precoce da adolescente.
Mary e Geovana Kwapis são mãe e irmã da vítima. Elas conversaram com a reportagem. Emocionadas, contam sobre o trajeto que precisaram percorrer até encontrar Júlia.
A família foi até Laranjeiras do Sul em busca de notícias, mas não conseguiu nenhuma pista. Ela estava em uma unidade hospitalar sem identificação.
"Na hora do desespero, a gente não pensa em perguntar se tem alguém sem identificação, a gente não lembra.", relembra a mãe
Após horas, a mãe pediu ajuda ao Corpo de Bombeiros e repassou alguns telefones — um deles era da filha Geovana.
Na tentativa de localizar a irmã, Geovana buscou auxílio na internet, postando fotos em grupos de notícias. Foi às 4h29 de sábado que a notícia chegou, por meio de um médico.
"Ele disse que tinha uma moça que estava internada, sem identificação, e que eu poderia ir lá reconhecer se era ela. Na hora já me deu um aperto no peito, fui correndo para o hospital.", explicou a irmã.
Geovana conversou com o profissional, que detalhou o que havia acontecido.
"Eu não tive força, não aguentei. Tive que me manter calma. A pior coisa foi ter que vir buscar o pai e a mãe para levar até lá, sem poder contar o que tinha acontecido. Não podia chorar, não podia fazer nada."
Com a família no hospital, o médico novamente deu as descrições para ajudar na identificação — momento em que a mãe já sabia que se tratava da filha, que infelizmente estava na unidade hospitalar.
"Quando eu ergui o lençol, foi uma das piores coisas que vi na minha vida. Porque a Júlia, linda, com um cabelo lindo, vaidosa… e quando eu ergui e vi o cabelo dessa alturinha assim, como se fosse cortado a facão, de tão curtinho que estava, o rosto desfigurado…"
O que ficará agora são os momentos de felicidade vividos ao lado da adolescente, que sempre será lembrada.
"As pessoas que tiveram a oportunidade de conviver com a Júlia vão ter boas lembranças. [...] Ela foi muito intensa.", contou Mary.
No sábado (8), um dia depois da passagem do tornado, estava prevista a Crisma de Júlia. Mary conta que ela estava animada e que uma confraternização seria feita após a missa.
O sentimento agora é de perda — algo que nunca será apagado da memória e um amor que jamais poderá ser substituído.

Julia Kwapis

Mary e Geovana Kwapis mãe e irmã de Julia
Evelyn Antonio | Catve.com
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