O anúncio de um acordo para explorar os minérios ucranianos como compensação pela ajuda militar que os Estados Unidos fornecem à Ucrânia no combate contra a Rússia a mais de três anos vem de encontro a outras medidas questionáveis pela comunidade internacional, como a intenção de assumir o controle da Faixa de Gaza e do Canal do Panamá, anexar o Canadá e comprar a Groelândia. A questão é: Donald Trump realmente quer iniciar uma nova era do imperialismo americano, ou isso não passa de uma estratégia para forçar uma negociação?
Imperialismo é definido como uma política de Estado para ampliar o poder e o domínio de uma nação, seja pela aquisição de territórios ou pelo controle político e econômico. Fato é que o modelo imperialista dos impérios Romano, Otomano e Britânico se esgotaram, mas de acordo com muitos historiadores, modelos mais "modernos" continuam vigorando, sendo classificados por eles como neoimperialismo.
Nesse sentido, há quem dia que os EUA têm focado neste modelo novo de imperialismo, que contempla a instalação de bases militares em diferentes países, no controle econômico e em intervenções para mudar os regimes pelo mundo. O último presidente americano a defender a expansão do território do país foi Willian McKinley, no final do século XIX, quando os EUA anexaram Porto Rico, as Filipinas, o Havaí e a Ilha de Guam. No seu primeiro discurso desde que assumiu a Casa Branca pela segunda vez, inclusive, McKinley foi citado por Trump como exemplo e inspiração.
Esse modelo de neoimperialismo também não é exclusivo dos Estados Unidos, sendo praticado por outras nações, como por exemplo a Rússia e a China. Porém, o presidente da maior economia do mundo falar tão abertamente sobre anexação de territórios pode abrir um precedente e encorajar outras potências a tomar a mesma atitude e sim, iniciar uma nova era da política externa.
Muitos especialistas em geopolítica e agentes do mercado financeiro, no entanto, entendem que esses pronunciamentos não passam de bravatas que fazem parte de uma estratégia de negociação, que visam proporcionar vantagem competitiva comercial aos EUA.
Na teoria dos jogos na política existe uma metáfora conhecida como "cenoura e porrete", que representam incentivos e punições para cooptar aliados e chegar a acordos. Donald Trump parece conhecer essa estratégia. Na prática, de um lado ele utiliza o "porrete", representado por sanções comerciais e econômicas e ameaças de utilização da força militar para coagir outros países, e de outro faz o uso da "cenoura", uma espécie de incentivo positivo para captar aliados, como investimentos, ajuda humanitária e acordos bilaterais. As tarifas comerciais têm sido a principal arma de Trump neste contexto, inclusive contra o Brasil.
As promessas de Trump parecem estar mesmo desconectadas do mundo contemporâneo, e parecem estar mais relacionadas a política interna do que com a política externa. Ou seja, ele quer agradar seu eleitorado e sua base política. Mas fato é que os pronunciamentos, anúncios e ações tem mexido com a economia global, os mercados e os investimentos. Assim, os investidores precisam permanecer atentos para movimentarem-se e adaptarem-se rapidamente às narrativas do mercado, seja para proteger o patrimônio ou identificar oportunidades de captura de lucros.
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