A inflação de outubro na Argentina foi a menor em três anos, o câmbio paralelo segue depreciando-se, o risco país continua diminuindo e os números apresentam um superávit fiscal a dez meses consecutivos. Essas são notícias positivas para nossos vizinhos, porém o nível de pobreza continua em patamar significativamente elevado. Esta é, inclusive, a principal crítica dos que não concordam com a implementação do plano econômico de Javier Milei. Esta é, de fato, uma verdade. Entretanto, é necessário manter a serenidade para realizar um prognóstico assertivo da economia argentina.
O plano de estabilização da moeda, que contempla a redução da diferença da cotação entre o câmbio paralelo e o câmbio oficial, tem sido o responsável pelo arrefecimento da inflação, de quase 300% ao ano para 190% ao ano. Apesar de a inflação estar extremamente elevada, a trajetória de queda é um sinal importante.
O governo argentino está conseguindo implementar esta política por conta do superávit fiscal que o país vem acumulando. Este, aliás, é o principal pilar do plano de recuperação econômica, e é inegociável pelo presidente. Desde que assumiu a presidência, Milei tem implementado uma ferrenha política de cortes e controle de gasto público, da qual ele não abre mão.
O desafio da equipe econômica do governo é fazer com que esse superávit seja sustentável, uma espécie de regra de Estado e que não aconteça apenas no governo atual. A consolidação e o fortalecimento da economia argentina dependem desta perpetuidade. Este é realmente um desafio, pois a tentação de migrar para o populismo é grande, uma vez que, antes de a situação econômica da Argentina melhore com consistência, pode ser que piore. Isso porque o rigoroso corte de gastos públicos, principalmente com subsídios, tem impactado diversos setores da economia, fazendo com que o nível de pobreza permaneça alto neste primeiro momento.
O populismo, inclusive, que resultou na implementação de uma série de medidas economicamente destrutivas pelos governos anteriores, foi o principal causador do colapso econômico da Argentina. Portanto, Milei está sendo o responsável por realizar o "trabalho sujo" de corte de despesas. Em outras palavras, a pobreza estava apenas mascarada pelo assistencialismo.
Porém, de qualquer todo modo, esse é um grave problema. Sob o comando de Javier Milei o nível de pobreza subiu e chegou a 52%. Ou seja, mais da metade da população encontrava-se em situação de vulnerabilidade. Entretanto, os avanços econômicos conquistados pelo governo nos últimos meses nos apresentam uma leve perspectiva de melhora. Hoje o índice encontra-se próximo de 48%.
De modo geral, a trajetória demonstra-se positiva, e esse é, infelizmente, o custo para corrigir décadas de populismo macroeconômico, que resultou em déficit fiscal, desvalorização da moeda, inflação e no colapso econômico.
Esta é mais uma oportunidade dada a nós para aprendermos com os erros dos nossos vizinhos. Antecipar artificialmente o crescimento do país por meio de políticas populistas não é sustentável e, definitivamente, prejudica mais os mais pobres.
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