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Eleições americanas movimentam o mercado financeiro global

Semana de agenda cheia contempla ainda decisões de política monetária no Brasil e nos EUA


Nesta terça-feira  (05/11) inicia-se a eleição americana mais acirrada dos últimos anos. De modo geral, as pesquisas de intenção de voto apontam um empate técnico entre Donald Trump (Partido Republicano) e Kamala Harris (Partido Democrata), com algumas pesquisas apontando uma ligeira vantagem para um candidato ou outro.

Mas as eleições nos Estados Unidos não movimentam apenas a rotina dos americanos, e o mercado financeiro global está de olho no possível resultado. Em caso de vitória democrata, espera-se uma certa continuidade do governo Biden. Entretanto, por outro lado, o retorno de Donald Trump mexeria com aspectos que trariam volatilidade não só ao cenário local, mas também a outras economias - inclusive a brasileira.

O aumento da possibilidade de vitória do candidato republicano nos últimos dias, inclusive, balançou o mercado financeiro com investidores posicionando-se em ativos que devem apresentar uma boa performance com Donald Trump no poder. Seu plano de governo, por exemplo, contempla medidas que devem impulsionar o crescimento da economia e fortalecem o dólar.

O ponto negativo é que essas medidas devem fazer com que a inflação dos EUA também aumente e, diante deste cenário, o Federal Reserve precisará manter os juros elevados ou até mesmo voltar a aumentá-los, a depender da resposta inflacionária às medidas de incentivo a economia. E esta é a grande preocupação dos países emergentes.

Isso porque os juros americanos balizam os juros de todos os países. Caso o Banco Central do Brasil, por exemplo, reduza a taxa de juros e os Estados Unidos mantenha seus juros altos, nossa moeda se desvaloriza e, se nossa moeda está desvalorizada, nossa inflação aumenta. Em outras palavras, a taxa de juros americana serve como uma espécie de limitador para o corte de juros de outros países, como o Brasil.

E qual a consequência de termos uma taxa de juros mais elevada? O endividamento das famílias e das empresas aumentam, o consumo diminui, as margens de lucro ficam mais apertadas e, no médio prazo, começa-se a observar um aumento dos pedidos de recuperação judicial e de falência, fazendo com que o desemprego aumente.

Neste cenário, é fundamental que o governo mantenha uma política fiscal sólida, de maior responsabilidade com os gastos públicos, para facilitar o trabalho do Banco Central. Não é o que se observa neste momento, com o governo impulsionando o crescimento do país por meio do endividamento e do gasto público.

A política fiscal mais frouxa tem feito com que a expectativa de inflação aumente e, por conta disso, o mercado projeta o anúncio de um aumento na taxa Selic de 10,75% para 11,25% na decisão de política monetária desta semana, apesar de uma expectativa de redução da taxa de juros nos Estados Unidos na quinta-feira (07).

Na margem, a pergunta que fica é: quem é melhor para o Brasil, Donald Trump ou Kamala Harris? Ao considerar aspectos como inflação, alianças comerciais e agenda verde, entende-se que, no curto prazo, a vitória da democrata seria mais benéfica.

De todo modo, seja qual for o vencedor da eleição americana, é importante que o Brasil cultive suas parcerias comerciais, e que faça a lição de casa adotando uma política fiscal austera, pois apenas o cenário internacional mais favorável não é suficiente para cessar o fluxo de transferência de renda do pobre para o rico que observa-se neste momento.


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