As eleições municipais de 2024 revelaram um cenário político, no mínimo, interessante. Os partidos considerados de centro emergiram como vencedores, superando a influência esperada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e atual presidente Lula (PT). O que significa que a expectativa de uma forte nacionalização das eleições municipais não se concretizou como previsto.
Apesar de o resultado das eleições representar um recado importante também para a direita, com eleitores migrando para o centro, por estar atualmente no comando do país, o recado pode ser considerado mais "perigoso" para o PT.
O contexto contempla uma vitória apertada em 2022 com um alto índice de rejeição e um enfraquecimento do partido no decorrer da última década: o Partido dos Trabalhadores chegou a possui 637 prefeituras em 2012 e, em 2024 conquistou a vitória em apenas 252 dos 5.570 municípios brasileiros. Ou seja, uma queda de 60,4% na representatividade nacional do partido em 12 anos.
O partido conquistou apenas uma capital, a do Ceará, Fortaleza. O resultado foi o mais apertado entre as capitais, com uma diferença de apenas 0,76 ponto percentual. Evandro Leitão (PT) derrotou André Fernandes (PL) com 50,38% dos votos.
O fraco desempenho do partido nas eleições municipais pode ser interpretado pelos agentes do mercado financeiro como uma desaprovação da população das medidas socioeconômicas implementadas pelo governo federal.
Caso Lula e o PT queiram ser mais competitivos em 2026, precisarão deixar de lado o discurso guinado a esquerda e migrar para o centro. Do contrário, o mercado pode começar a colocar no preço dos ativos uma possível mudança de governo nas próximas eleições presidenciais.
Fato é: o mercado, que concedeu o benefício da dúvida a Lula no início de 2023, apostando em um Lula mais pragmático, como em 2003, já não acredita mais em promessas. O governo precisa colocar em prática políticas sólidas de controle de gastos para voltar a gozar de credibilidade, por mínima que seja. Essa mensagem está explicita na precificação dos ativos financeiros atualmente, com as taxas de juros subindo e o dólar não cedendo.
Aparentemente, a população também já entende que as estratégias populistas que funcionaram nos primeiros governos de Lula já não funcionam. O contexto e a conjuntura econômica são outros. Antecipar o crescimento do país por meio do endividamento e do gasto público tem um custo extremamente elevado, como nos mostrou Dilma Rousseff.
Logo, as ações implementadas pelo governo nos próximos meses serão monitoradas de perto pelos agentes do mercado financeiro, e nos dirão se a mudança de governo em 2026 será a próxima narrativa a ser considerada pelo mercado. Isso pode fazer com que haja uma mudança na leitura de cenário, afetando o desempenho dos ativos financeiros.
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