Trânsito

Mãe que perdeu o filho faz apelo emocionado: "Vamos preservar a vida"

Mônica Morais de Souza usa a dor do luto pelo filho para alertar sobre os perigos no trânsito


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JC

O número de atropelamentos continua em alta e é uma das principais preocupações no trânsito de Cascavel (PR). Em acidentes desse tipo, o pedestre geralmente é a vítima mais vulnerável. A cidade tem registrado índices alarmantes, o que evidencia a necessidade urgente de mais conscientização e empatia nas ruas.

"Todos são responsáveis pela segurança do pedestre. Estamos supervisionando, mas é preciso estancar isso", afirma Luciane de Moura, coordenadora de Educação de Trânsito de Cascavel.

De janeiro até agora, a cidade já registrou quatro mortes por atropelamento. No mesmo período de 2024, foram três vítimas fatais. No total, 15 pessoas perderam a vida dessa forma nos últimos anos.

Uma das vítimas mais trágicas foi Fernando Lorenzo Souza Gehlen, de apenas 9 anos, filho de Mônica Morais de Souza. Em junho do ano passado, Fernando foi atropelado e morreu na hora, após um carro bater em uma moto e invadir a calçada onde ele esperava para atravessar a rua com a mãe e um amigo, no cruzamento da Rua Paraná com a Avenida Piquiri.

Desde então, Mônica transformou a dor da perda em luta. Para este Dia das Mães — o primeiro sem o filho — ela escreveu uma carta comovente, que é também um grito por respeito e responsabilidade no trânsito.

"Este é meu primeiro Dia das Mães com os braços vazios", diz Mônica, ainda visivelmente abalada. "Não desejo a ninguém o que hoje me destrói por dentro."

A seguir, o portal publica a íntegra da carta escrita por Mônica, como um chamado à consciência de todos: motoristas, autoridades e famílias.

Carta às Mães e Filhos do Brasil

  • Por Mônica Morais de Souza

Maio chegou…

O mês das noivas. O mês das mães.

Sempre foi um tempo mágico para mim.

O Nando — meu filho amado — adorava esse mês. Foi em maio que ele me viu vestida de noiva, com os olhos brilhando de alegria. Fizemos juntos um ensaio fotográfico, mãe e filho… tão cheio de amor que chegou até a ser publicado em revista.

Maio, para nós, era sinônimo de vida, de afeto, de família.

Mas maio também carrega um grito. Um alerta.

É o mês da Conscientização no Trânsito, o mês de lutar com urgência pela preservação da vida.

Meu nome é Mônica Morais de Souza.

E este é o meu primeiro Dia das Mães com os braços vazios.

Sem o abraço quente, sem os olhos doces, sem o sorriso iluminado do meu Nando.

Fernando Lorenzo Souza Gehlen.

Nove anos. Uma criança cheia de sonhos. Cheia de luz.

O amor mais puro que já conheci.

Meu filho foi arrancado de mim por algo que nenhuma mãe deveria viver:

a irresponsabilidade, o desrespeito, a falta de humanidade no trânsito.

Estávamos abraçados, esperando para atravessar na faixa de pedestres, quando uma motorista ignorou todas as leis, furou a preferencial, bateu em um motociclista e tentou fugir.

Ela subiu na calçada.

A calçada onde eu protegia meu filho com os braços.

Arrancou o Nando dos meus braços. Da minha vida.

Só parou porque eu, desesperada, gritei e tentei tirá-lo debaixo do carro.

Esta imagem carrego em meus olhos.

Essa motorista — filha de outra mãe, mãe de outro filho — escolheu não respeitar a vida.

E, com essa escolha, tirou o direito do meu filho de crescer, de brincar, de ser amado.

Hoje, com o coração em ruínas, venho fazer um apelo.

Um pedido de mãe para mãe.

Mães, por favor, orientem seus filhos.

Ensinem o valor da vida.

Peçam que respeitem as leis de trânsito. Que não usem o celular ao volante. Que não corram. Que tenham empatia.

Porque, se nada mudar, só restarão dois caminhos para tantas mães chorarem:

o cemitério… ou a porta de uma penitenciária.

Eu não desejo a ninguém o que hoje me destrói por dentro.

Cuidar com tanto amor e perder por causa da negligência de alguém que também foi criada por uma mãe.

Se você é mãe, tia, avó, irmã… ou mãe de coração: faça a sua parte.

Dê exemplos, respeite as leis de trânsito, trate cada pessoa como seus filhos, protejam-nos!

Eduque, oriente, ensine com o seu exemplo.

Sejamos a geração que cuida, que protege, que transforma.

A vida do meu filho foi interrompida, mas o amor que tenho por ele se transformou em luta.

Eu vou buscar justiça. Eu vou transformar essa dor em força.

Porque o amor de uma mãe é imortal.

Por favor…

Por mim. Pelo Nando. Pelos seus filhos. Por todos que ainda estão aqui.

Vamos preservar a vida. Vamos mudar.

Com todo o amor de uma mãe eternamente marcada,

Mônica Morais de Souza

Mãe do anjo Fernando Lorenzo Souza Gehlen

Reportagem de Déborah Evangelista | JC

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