Caso Eloah: o que acusada de raptar criança falou no interrogatório?

O Portal Catve.com teve acesso ao depoimento da mulher presa após raptar a pequena Eloah Pietra Almeida dos Santos, de um ano e sete meses, em Curitiba. O interrogatório aconteceu no sábado (24), um dia após a menina ser encontrada na casa da detida em Campo Largo, cidade há quase 30Km da capital. 

A acusada disse que pegou o Fiat Argo na concessionária na quarta-feira (22), e que por não saber usar o GPS do novo veículo, acabou no bairro Parolin, região onde a família de Eloah mora. 

Ela diz à polícia que parou o veículo para que a mãe e o pai de Eloah atravessassem a rua com o carrinho de reciclagem de papelão. Neste momento ela afirma que a mãe da menina teria desabafado com a motorista, dizendo que morava em uma casa com onze pessoas e que a vida não era fácil. 

A suspeita disse que ouviu com atenção e se sentiu comovida com a história. No dia seguinte, foi até a região e através da indicação de um rapaz, e descobriu a casa da família. A mulher disse estar usando um vestido e óculos de sol na data, informação que contradiz o depoimento da mãe de Eloah. A mulher teria se passado por agente de saúde, usando branco e fingiu ser enfermeira. 

A acusada disse que conversou com a mãe na casa, pediu para sair com ela e a menina para dar uma volta na região. Ela conta que durante o trajeto até uma rua principal, a mãe teria relatado uma situação de vida precária e a suspeita se ofereceu para cuidar da menina.  "Ela pegou, tava com o livrinho da bebê, escreveu de próprio punho na certidão do nascimento da bebê, dizendo que ia deixar comigo por um tempo e tal. Ela tem meu telefone, dei meu telefone pra ela, dei meu cartãozinho pra ela. E saí. E fui bem sossegado pra casa com a criança. [...] ela (a mãe) tinha trazido uma sacolinha com roupinha. Uma roupinha basiquinha assim, tipo shortinha, camisetinha e tal e uma mudinha de fralda. Daí eu perguntei o que ela bebia, ela falou leite. Daí tudo bem, fiz o meu caminho na minha casa. Eu não desviei o caminho, eu não dei voltas. Ela desceu do carro e foi embora chorando", diz a interrogada. Ela ainda negou a acusação de ter dado algo para a mãe da pequena beber.

No interrogatório disse ainda que comprou leite, mamadeira e chupeta para a criança mas negou acusação de ter pintado e alisado o cabelo. Ela declarou que apenas passou um produto para "tirar piolhos" de Eloah. "Eu tirei todos os piolhos que ela tinha, eu passei o que eu tinha em casa, porque eu também pego piolho, né? Eu faço ação comunitária, de vez em quando, eu também pego piolho. Eu passei nela, tirei todas as lêndias que ela tinha, matei todos os piolinhos, limpei as orelhinhas, as crostas do pescoço, da unha", relatou a mulher. 

Quando questionada, ela disse que viu a reportagens sobre o desaparecimento da pequena, mas não procurou a polícia nem a família com medo de ser morta. A mulher declarou que faz tratamento psiquiátrico e que só pegou a menina para ajudar a família. 

O caso 

Eloah Pietra Almeida dos Santos desapareceu no bairro Parolim, em Curitiba. O rapto aconteceu no fim da manhã de quinta-feira (23), por uma mulher que se passou por agente de saúde. Ela abordou Érica Alves dos Santos, mãe da menina, próximo à casa onde a família mora, e disse que precisava levar a criança para fazer exames após supostas denúncias de maus-tratos. Após a mãe colocar a menina no banco de trás do veículo, a suspeita fugiu.

A investigação mobilizou equipes das polícias Civil e Militar, culminando no resgate de Eloah na noite de sexta-feira (24), em uma residência na cidade de Campo Largo. No local, a autora do sequestro, de 40 anos, foi presa. Segundo a polícia, ela disse que queria uma filha para criar e escolheu Eloah aleatoriamente.

As investigações prosseguem, mas, ainda de acordo com a Polícia Civil, a suspeita agiu sozinha. Também foi descartada a possibilidade de que a família tenha entregado a criança em troca de dinheiro.

Redação Catve.com