Recordar é viver! por Geraldo Magela

Sérgio Ramos - A história de um craque


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O início Quem vê esse Senhor sorridente, feliz, desfilando pelas ruas de Cascavel com uma agenda na mão, não imagina a sua história e a sua trajetória no futebol. Sérgio Ferreira Ramos, 59 anos, nasceu em Piratinga, interior paulista, no dia 24 de agosto de 1955. Começou a jogar no Noroeste de Bauru em 1973, clube pelo qual torce até hoje, Seleção Brasileira Sérgio Ramos serviu a Seleção Brasileira de novos no Torneio de Toulon 1974 (França) O elenco tinha: Bessa, Pirangi, Djalma Marques, Donizete, Jair Perrone, Mauro, Oscar, Rubens, Eudes, Muricy Ramalho, Nilton, Ricardo Silva, Zé Mário, Jarbas, Luiz Poiani, Maisena, Sérgio Ramos e Nei, técnico José Teixeira. A seleção não foi bem, foi a 4ª colocada, fato que não agradou muito, sem falar que a seleção brasileira principal decepcionou todo mundo com um melancólico quarto lugar na Copa da Alemanha. A seleção brasileira era a atual campeã mundial e havia feito uma Copa invejável em 1970, no México. O técnico era o mesmo, Mário Jorge Lobo Zagallo, mas já não contava com Pelé - que despediu-se da seleção em 1971 - e vários outros heróis do tri, como Tostão, Gérson e Carlos Alberto. Não que a nova geração fosse fraca, ruim, o Brasil ainda possuía alguns dos melhores jogadores do mundo - Leão, Luís Pereira, Rivellino e Jairzinho, mas não apresentou o principal: o futebol. Vasco da Gama No avião de volta pra casa Sérgio Ramos - Fé (como era carinhosamente chamado pelos seus companheiros) recebeu o comunicado de que era para descansar uma a duas semanas e depois iria se apresentar no Vasco da Gama, sua nova casa. Chegando lá ainda como Juniores no final de 74 viu que se descortinava um novo horizonte em sua vida profissional, era sua chance de aparecer para o mundo do futebol. Mas foi em 1975 que teve a primeira chance de atuar no time de cima com o técnico Mario Travaglini, O que acontecia em 1975 1975, foi inesquecível, foi um ano de marcantes acontecimentos, no futebol e fora dele, vejamos alguns; neste ano em que a Seleção do Peru foi Campeão da Copa América, a Seleção da Argentina aplicara a 2ª maior goleada em jogos de seleções, venceu a Venezuela por 11 a 0, o Esporte Clube São Paulo sagrou-se campeão paulista com Serginho Chulapa artilheiro com 22 gols, o Santa Cruz/PE calou o Maracaná de 74 mil rubro-negros, que assistiram atônitos um show do tricolor, diante do poderoso Flamengo de Zico, Júnior, Raul, Rodrigues Neto e Dorval, o Internacional foi campeão brasileiro e abriu a série de títulos gaúchos no nacional, o estado da Guanabara funde-se com o do Rio de Janeiro, morria Érico Veríssimo - escritor brasileiro, a moeda corrente do pais era o cruzeiro e o salário mínimo era CR$ 532,80, entre outras coisas. Carreira no profissional O determinante para Sérgio Ramos, foi a sua ascensão ao time profissional do Vasco, onde ele iniciou de fato o seu desfile pelos gramados do futebol, Fé fala com orgulho que jogou nos maiores clássicos do futebol brasileiro - Vasco x Botafogo, Vasco x Fluminense, no Maracanã, palco sagrado do futebol. Sim senhor, Sérgio Ramos jogou no Maracanã e por diversas vezes. Ele se lembra de um jogo em que o CR Vasco da Gama empatou em 2 a 2 com a equipe do Porto (Portugal) em amistoso internacional, com dois gols de Julio para o Porto, Edu e Gaúcho para o Vasco, o time era Mazaropi, Paulo César, Miguel, Rene, Alfinete, Gaúcho, Zanata, Edu (Jair Pereira), Carlinhos (Ademir), Dé e Luis carlos (Galdino) - O treinador era o Mário Travaglini, o time vascaíno era uma máquina, o futebol profissional fervia no mundo. Giro pelo país "Andar com fé eu vou, que a fé não costuma "faiá" (Gilberto Gil) Neste mesmo ano ele foi por emprestado para o Madureira (RJ), a ideia da diretoria, é que ele saísse um pouco para pegar mais cancha, mais experiência e acabou pegando é área, não retornou mais ao time cruzmaltino, a partir daí rodou o Brasil, passando pelo São Bento de Sorocaba, Matsubara, Taubaté, Uberlândia, CSA, Francana (SP), Operário de Campo Grande (MS), Cascavel Esporte Clube, Atlético Paranaense e Foz do Iguaçu onde encerrou sua carreira profissional em 1990. Entre o Santos e a Serpente Em 1979, Sérgio Ramos havia feito um excelente campeonato paulista pelo Francana, fato que chamou atenção dos grandes clubes paulista e seu empresário conseguiu encaixá-lo no Comercial de Ribeirão Preto para um amistoso que a equipe faria com o Santos Futebol Clube, Sérgio pensou ser essa outra grande oportunidade da sua vida. Então se dedicou nos treinamentos a ponto de recusar até convites para sair nas noites com seus companheiros, focado, preferiu sempre ficar na concentração; então houve um incidente onde ele estava concentrando em uma confusão acabou levando um tiro de raspão na perna, tiveram que consumir com ele dali, acabou deixando seus companheiros e não pode atuar no jogo contra o Santos; pensa ele ter perdido uma grande oportunidade de brilhar no grande Santos do sempre Pelé, mal sabia ele que seu destino seria a serpente, pois em Cascavel estava se montando uma máquina para disputar o campeonato paranaense. Como veio parar em Cascavel Impulsionado por uma economia pujante, a cidade de Cascavel vivia um ano de grande expectativa no automobilismo e no futebol, e o Cascavel Esporte Clube era a menina dos olhos de grandes empresários investidores, foi uma época que era possível contar mais de 100 placas de patrocínio em volta do gramado - relembra o sorridente Darci "Tchê" Casagrande, um dos diretores do Cascavel e figura importante na história do futebol local. Então o presidente do CEC - Cascavel Esporte Clube, o visionário e entusiasta empresário Nelson Vettorelo, autorizou que Ivo Roncáglio - diretor de futebol, fosse para o interior paulista e trouxesse de lá pelo menos quatro bons jogadores, a ideia era reforçar o time, pois o desejo era de título. E fiel nesta missão Roncáglio trouxe de lá Sérgio Ramos, Doquinha, Gritem e Daniel, vieram todos dentro de um possante Landau dirigido por Ivo. O título de 80 e o famoso cai cai A partir daí o que se viu foi uma bela e imbatível equipe, bem treinada por Borba Filho, o time jogava por música, Sérgio mostra o brilho dos seus olhos ao falar a escalação do Cascavel "o time era Zico, Doquinha, Edvaldo, Manoel e Valdecir, Moacir, Osmarzinho, Maurinho, Marcos, Paulinho Cascavel e Eu (Sérgio Ramos), sinto muita falta desta época, era uma equipe que jogava de igual pra igual com qualquer um, um time de fato muito forte, assegura Sérgio. Não diferente de outros jogadores e torcedores que presenciaram a final do Campeonato Paranaense de 1980, entre Cascavel Esporte Clube e Colorado Esporte Clube, em Curitiba, ele lembrou do "cai-cai" dos jogadores em campo e revela os bastidores daquela decisão eletrizante. No primeiro tempo do jogo, o juiz expulsou dois jogadores do nosso time. Borba Filho, nosso treinador no intervalo da partida, no vestiário, nos orientou para que fizessem o "cai-cai" em campo e sugeriu para que mais dois jogadores se machucassem encerrando assim a partida com sete jogadores. Nós havíamos desistido da partida, se o Colorado precisasse de quinze gols iria fazer, pois já estava tudo acertado com o juiz, bandeirinhas, federação", comenta Sérgio. Característica Ponteiro Esquerdo a moda antiga, uma habilidade incrível na perna esquerda, e um exímio cobrador de falta, fica orgulhoso ao falar que foi com o Roberto Dinamite no tempo de Vasco que aprendeu a cobrar faltas, após os treinos, Dinamite investia um pouco do seu tempo, ensinando a ele a forma, o jeito e o efeito que a bola dá, "se o batedor for um maestro a bola vai tocar a música que ele e o publico quer", Sérgio Ramos marcou época no Cascavel Esporte de Clube, para compara-lo aos jogadores atuais, temos que fazer uma junção do ex meia Neto do Corinthians e Michel Bastos do São Paulo. Se Sérgio Ramos atuasse no futebol de hoje com toda certeza seria milionário, fácil constatar considerando que no campeonato paranaense de 1.980 ele fez 11 gols de bola parada, não se vê jogador como esse nos dias de hoje. Chegou para ficar Após a conquista e a fama, o que já estava desenhado, acabou acontecendo, em dezembro de 1980, Sergio Ramos casou-se com Cleonice, onde fixaram residência em Cascavel, tiveram duas filhas Arianne e Miucha e hoje com 35 anos de casados comemora feliz a chegada dos dois netos Bruno e Nicole, e diz: "Espero em vida ver o meu neto Bruno dando sequência no meu legado, gostaria muito de vê-lo como jogador, se for da vontade de Deus, isso vai acontecer". Como vive hoje "Eu vivo, durmo, sonho e acordo com futebol, o futebol sempre foi e sempre será minha paixão, mas hoje infelizmente eu não sobrevivo do futebol, tentei permanecer no meio após o término da minha carreira como jogador, mas me frustrei com pessoas, fiquei decepcionado e penso que acabou meu tempo de envolvimento com a bola, devo deixar para os mais jovens a responsabilidade de fazer um futebol forte na cidade. Felizmente encontrei uma boa profissão, sou corretor de imóveis". Sérgio está estudando, busca especialização na área, hoje leva uma vida feliz com sua família e seus amigos, tem no sábado o seu dia preferido para o seu lazer, frequentar o barzinho com os amigos, tomar uma caipirinha bem gelada e saborear uma suculenta feijoada, são coisas de que ele não abre mão de jeito nenhum, para ele não existe nada melhor, adora sair no final de semana, curtir um cinema e uma pizzaria com a esposa, todo ano no dia 24 agosto, reúne seus amigos se no salão de festa do condomínio onde mora para comemorar seu aniversário, regado com muita carne, música e chopp, e esse ano vai ser mais do que especial, pois vai comemorar 60 anos, diz que encontrou no budismo o equilíbrio para sua alma, "faz cinco anos que sou budista e posso dizer que estou vivendo uma paz que há muito não vivia, me encontrei espiritualmente". E o time da cidade Acredita que o FC Cascavel vai resgatar o futebol de glória do seu tempo, tem a impressão que a união de todos em prol da montagem de uma grande equipe e a sequência do trabalho pode levar o torcedor de volta ao estádio, diz que estão no caminho certo e está torcendo muito para o time na competição deste ano e finaliza: domingo estarei no estádio. E assim, Fé nos permite retratar um pouco da sua história, é óbvio que tudo o aconteceu na sua carreira não está descrito neste texto, mais de uma coisa eu tenho certeza, quem tiver a oportunidade de ler essa matéria e a posterior se deparar com este cidadão nas ruas de Cascavel, vai se lembrar com toda certeza que está diante de um dos eternos monstros do futebol brasileiro!

por Geraldo Magela

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