Enquanto a mobilização de socorro a Rio Bonito do Iguaçu segue em andamento após o tornado F-3 que devastou a cidade, surgem denúncias sobre problemas na organização da distribuição de ajuda. O empresário Edilson Possera, que transformou seu restaurante em uma cozinha voluntária, criticou a gestão das doações, citando a retenção de telhas e o corte no fornecimento de marmitas.
O empresário relatou que a iniciativa cresceu rapidamente, chegando a produzir cerca de duas mil marmitas na cidade. No entanto, a ação foi barrada.
"No segundo dia, o volume foi tão grande que aqui da nossa cidade foi em torno de duas mil marmitas. Aí isso prejudicou alguém que eu não sei quem, e apareceu uma vigilância sanitária de uma cidade de fora, dizendo que não podia mandar marmitas porque podia dar problema de saúde nas pessoas," relatou Edilson.
Ele contestou a proibição, citando que a comida era feita por voluntários de madrugada, garantindo a qualidade. O empresário afirmou que, após o corte, encontrou pessoas nas periferias com fome, que nem sequer sabiam da existência das marmitas. "Pessoas de baixa vulnerabilidade não sabiam que existiam marmitas. Ninguém passou na casa deles," desabafou.
A falta de organização seria o principal problema, segundo Edilson. Ele citou o caso de materiais de construção que não foram liberados. "Pessoas que disseram, cadê as telhas, que nós precisamos... um rapaz lá das mudanças disse, eu trouxe uma carreta de telha, pode vir buscar, daí não liberaram as telhas. Aí começou a confusão, o que faltou foi organização," afirmou.
"Não existe só o lado bonito da história, existe o lado triste," concluiu Edilson, reforçando que a sua missão é defender a população mais vulnerável.
Orientação do município
De acordo com a orientação das equipes que atuam em Rio Bonito do Iguaçu, a prioridade é receber alimentos embalados, que possam ser utilizados diretamente nas cozinhas comunitárias coordenadas pela Secretaria Municipal da Saúde. A orientação oficial destaca que o cenário da cidade ainda é delicado, com estruturas de atendimento e serviços básicos comprometidos, o que aumenta a preocupação com possíveis casos de contaminação.
"Precisamos de alimentos de fácil armazenamento para preparação aqui e com alto valor nutricional. Como todos os serviços da cidade estão comprometidos, nos preocupamos com possíveis contaminações e aumento na demanda de atendimento médico", explica o primeiro-tenente do Corpo de Bombeiros, Pedro Pierdoná.
Os donativos são direcionados ao Centro dos Idosos, transformado em ponto de recebimento e distribuição. É ali que as refeições são preparadas sob monitoramento de profissionais de saúde. A nutricionista do município, Marlise Rech, reforça a necessidade de rigor em todas as etapas da manipulação dos alimentos. "Precisamos ter atenção com todo o processo, desde a higienização, passando pelo armazenamento e temperatura adequada, até a preparação das refeições, para não ter um risco de uma intoxicação e sobrecarga do sistema de saúde", afirma.
Diego Hellstrom/Catve.com
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