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Caso Maria Clara: das 6 denúncias ao Conselho à morte da menina

A menina não podia sair de casa e apanhava em uma espécie de ritual de purificação


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Na escola que fica no bairro Canceli o que restam são as doces lembranças. Beatriz foi a primeira e única professora da pequena Maria Clara. "Era uma aluna normal, como qualquer outra para a idade dela, interagia com os colegas, nunca relatou algum fato que levantasse suspeita ou mostrasse no corpo algum hematoma", relatou Beatriz. Maria Clara morava com a mãe e com a irmãzinha de 2 anos, em uma casa no bairro Canceli. No local, atualmente os moradores são outros, novos inquilinos assustados com a história de horror que se passou na residência. Os vizinhos desde o ano passado desconfiavam que algo estava errado. "Um dia até o meu cunhado bateu na porta dela, elas estavam trancadas. De novembro a fevereiro que elas moraram ali, as meninas não saíam pra fora de jeito nenhum, você não via elas", relatou uma vizinha que preferiu não se identificar. A primeira denúncia ao Conselho Tutelar chegou pelo disque 100 e foi feita pelos vizinhos. A informação era de que gritos estavam sendo ouvidos, que as crianças estavam sendo privadas de brincar no quintal de casa e que Maria Clara estava fora da escola. E depois vieram outras cinco denúncias. Nem criança, nem mãe, ninguém foi encontrado na casa. Foram duas visitas, no dia 5 e no dia 6 de março. "O Conselho Tutelar veio ali, meu marido falou - olha ela está na casa - daí a mulher do Conselho disse - ah, mas ela não está em casa, porque não saiu pra fora - , meu marido tornou a afirmar que ela estava, que podia bater, buzinar que elas não saíam. Meu marido até sugeriu pular o muro e ele bater na porta, mas o conselho disse não ter autoridade para fazer isso", relatou a vizinha. Para o Conselho Tutelar denúncia sem materialidade, tanto que nem o Ministério Público foi notificado a respeito. O pai registrou o desaparecimento na delegacia, o caso foi elucidado da forma mais trágica. A menina foi morta pela mãe com a ajuda de uma amiga, o crime aconteceu em março e a ossada foi encontrada somente agora. "Precisamos saber se realmente é a ossada da Maria Clara. Esse exame se chama exame de DNA e um outro exame que também foi solicitado é o exame de antropologia que verifica o sexo da ossada, a estatura, quanto tempo tem essa ossada, quanto tempo de morte, isso para apurar todo o crime", explicou o diretor administrativo do IML de Cascavel, Juari de Carvalho. Durante o depoimento, a mãe conta com frieza como foi a morte da filha. Ela afirma que a menina morreu porque ficou trancada dentro do porta-malas, mas a polícia desconfia da versão. "Há uma probabilidade mais do que razoável da morte ter ocorrido de outra maneira, tendo em vista que o período que a menina ficou dentro do veículo não seria suficiente para determinar a morte por asfixia", afirma o delegado que cuida do caso, Edgar Santana. Segundo relato da própria mãe a polícia, dentro de casa as crianças exerciam algumas tarefas como lavar louça, varrer a casa, mas entre uma atividade e outra elas apanhavam e isso tudo fazia parte do tal ritual de purificação. "E durante este período foram ocorrendo essas agressões físicas e a criança não morreu efetivamente no dia 4, ela veio morrendo durante este período de um ano", contou o delegado. Segundo os familiares Vanessa era tranquila, até conhecer a amiga Giulia. "Falei pra Vanessa, olha manda essa mulher embora, essa mulher não presta, ela perdeu os filhos e vai fazer você perder as suas, e ela não me ouvia", disse a mãe de Vanessa. Desde fevereiro, as duas estavam morando em São João do Oeste. Vanessa foi presa no Terminal de Transbordo Leste em Cascavel e Giulia no interior do município. Para a polícia ainda há muitos detalhes a serem esclarecidos, ainda não se sabe onde realmente a menina foi morta e nem como. De outro lado o sentimento é de revolta. "Eu desejo que ela pague pelo que fez, é monstruoso o que ela fez e eu não perdoo", disse a avó materna de Maria Clara.

Jornal da Catve

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