Cotidiano

Suicídio: é preciso lidar com a dor

A depressão é uma das doenças mais associadas ao suicídio, ainda existe preconceito


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Há dez anos a família de Márcia covive com a dor da perda de um ente querido, um rapaz, jovem, bonito, cursando faculdade, e com emprego e amigos. Por muito tempo o suicídio parecia uma sombra, mas Márcia conta que falar sobre o assunto foi o que ajudou aliviar a dor. "A minha mãe foi quem mais buscou ajuda, e que participou da terapia, mas esses grupos ajudam muito, nós enquanto família sentimos a necessidade que alguém ouça sem julgar, porque as pessoas julgam e isso é muito ruim, porque traz um desconforto enorme, como se tivéssemos obrigação de evitar e não podíamos", relata a irmã da vítima Marcia Menegari. O corre-corre, o excesso de trabalho, o fim de um relacionamento ou o abuso de álcool e drogas pode fazer com que as pessoas se sintam sozinhas. E os números impressionam, em Cascavel, no ano de 2011, 13 pessoas tiraram a própria vida, em 2012, foram 18, todas do sexo masculino, em 2013 foram 15, 14 homens e uma mulher e este ano já são seis mortes por suicídio 4 homens e 2 mulheres. Só essa semana um moça tentou se enforcar em dentro de casa e um rapaz que havia sido preso cortou os pulsos dentro da delegacia. Quando os socorristas chegam é inevitável que vizinhos e populares fiquem curiosos e aí é que surge um outro problema. "As pessoas querem saber um porque, não existe e se existisse nós não teríamos deixado acontecer, essa pergunta não deve ser feita, porque quem pode responder não esta aqui". De acordo com dados do Ministério da Saúde para cada um suicida, tentado ou consumado, são afetadas de 5 a 10 pessoas no círculo de contatos. Mas o suicídio não aparece de imediato, alguns sintomas podem ser notados durante o convívio. "É possível observar uma mudança de conduta, às vezes acontecem tentativas antes de chegar ao suicídio, o que é preciso falar é que existe o muito de quem fala que vai se matar, não faz, ou que é uma tentativa de chamar a atenção, é importante dizer que isso não é verdade, a tentativa é um pedido de ajuda, se a pessoa fala que quer morrer é preciso procurar ajuda, e fazer o acolhimento", orienta a psiquiatra, Caroline Dei Ricardi. A depressão é uma das doenças mais associadas ao suicídio, mesmo assim ainda existe o preconceito. "É tratado como frescura, que é falta do que fazer, mas o que falta realmente é enxergar a depressão como uma doença séria, que se não for tratada pode levar ao suicídio", esclarece a Psicóloga Larissa Giordani. De acordo com a OMS a depressão é causa de desanimo e falta de interesse pela vida na faixa etária de 10 a 19 anos. Para a psiquiatra, Caroline Dei Ricardi "As questões precisam ser trabalhadas dentro de casa, levar os pais para a escola, os serviços de saúde mental, eu não vejo os profissionais de saúde mental dentro da escola". Quando o suicídio acontece à família procura respostas que muitas vezes não são encontradas. "Eu sinto, me pergunto o que mais devia ter feito para não chegar ao suicídio, eu poderia ter ajudado para não chegar ao que aconteceu, a gente não acredita que a pessoa vai chegar a cometer o suicídio, nunca pensa que vai acontecer tão perto". O Casm- Centro de Atenção a Saúde Mental de Cascavel, acompanha 1.200 pessoas que tentaram suicídio, e orienta e presta auxílio a familiares que por muitas vezes se sentem culpados. Em Cascavel quem sente que precisa de atendimento pode procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima.

Catve

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