As atividades fÃsicas realizadas com supervisão profissional durante a pandemia de covid-19, sejam elas online ou presenciais, trazem mais benefÃcios sobre a saúde mental e fÃsica do que o sedentarismo ou a prática de exercÃcios sem supervisão. Isso é o que demonstra um estudo feito com 344 voluntários e publicado na revista cientÃfica Psychiatry Research.
Apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo (Fapesp), o estudo investiga os efeitos da prática regular de exercÃcios fÃsicos sobre a saúde fÃsica e mental neste momento de combate à covid-19. Para tanto, o estudo considerou três modelos de aulas praticadas durante a pandemia - presencial com supervisão profissional, online sem supervisão e online com supervisão por videochamada e comparou tais situações com o sedentarismo, ou seja, com pessoas que não estavam praticando qualquer tipo de exercÃcio nesse momento.
A pesquisa foi feita por meio de um questionário online, em que voluntários deveriam responder se estavam conseguindo fazer exercÃcios fÃsicos durante a pandemia e como estava a saúde mental deles antes e durante a crise sanitária e qual era o nÃvel de atividade fÃsica praticado antes e durante a crise. No caso da saúde mental, foram avaliados nove itens que compõem a MADRS-S (Montgomery-Asberg Depression Rating ScaleSelf Rated): tristeza, tensão, dificuldade de sono, alteração de apetite, dificuldade de concentração, lentidão, incapacidade de sentir, pessimismo e pensamentos suicidas.
"Dos quatro grupos analisados (com supervisão online, com supervisão presencial, sem supervisão e sedentário), aqueles que não faziam nada durante a pandemia apresentaram pior saúde mental e piores nÃveis de atividade fÃsica. Para nossa surpresa, quem realizou exercÃcio supervisionado remotamente apresentou maiores nÃveis de atividade fÃsica, principalmente as intensas [rigorosas], comparado com quem fez o exercÃcio sozinho, e uma leve tendência sobre quem fez presencial", disse Carla da Silva Batista, pesquisadora da Escola de Educação FÃsica e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP), e uma das autoras do estudo, junto com Acácio Moreira-Neto.
"Entre os [voluntários] que praticam exercÃcios, 59% das pessoas melhoraram a saúde mental, independentemente de fazer [exercÃcio] supervisionado, ou não. Quando se analisa somente quem faz [exercÃcio] supervisionado, houve melhora de 25%, igual ao grupo de quem faz supervisionado presencial", afirmou Carla, em entrevista à Agência Brasil. De acordo com a pesquisadora, a saúde mental dos grupos que fizeram exercÃcios, independentemente de terem sido supervisionados ou praticados por conta própria, ficou melhor do que a de quem não fez nada ou foi sedentário na pandemia.
A pequena diferença observada entre as pessoas que fazem exercÃcios supervisionados online e aquelas que o fazem de forma presencial decorreu principalmente da intensidade do exercÃcio. "Se você faz supervisionado, aumenta mais os nÃveis de atividade fÃsica intensa do que quem faz por conta própria. E você tem uma leve tendência sobre quem faz presencial", explicou Carla. "Esse grupo que faz supervisionado remotamente aumenta muito mais os nÃveis de atividade fÃsica intensa, que, nesse grupo, estão associados a uma melhor saúde mental."
Segundo a pesquisadora, a diferença entre os dois tipos de aulas supervisionadas ocorre porque, neste momento da pandemia, as pessoas temem contrair o novo coronavÃrus na prática presencial. "Os que fazem remoto indicam mais segurança, porque estão sozinhos, com o profissional na tela. E quem fez presencial, mesmo mantendo distância e usando máscara, tinha preocupação com a segurança [de não se infectar com a doença]", falou. Além disso, o uso da máscara na aula presencial pode interferir um pouco na intensidade ou no desempenho do exercÃcio praticado, destacou Carla.
Ela informou que a pesquisa ainda será objeto de mais análises e que um dos temas a serem aprofundados é a saúde mental. "Observamos que tem pessoas que, mesmo realizando algum tipo de exercÃcio, não conseguiram voltar para o estágio de saúde mental melhor. Isso tem muito a ver com o fator do momento, com a falta de expectativa de que a pandemia vá voltar ao normal no Brasil." Segundo a pesquisadora, o estudo também deverá ser ampliado, tentando ouvir mais pessoas.
Agência Brasil
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