A promotora de Justiça de Cascavel, Simone Lúcia Lorens, com 30 anos de atuação no Ministério Público do Paraná (MPPR), segue sendo alvo de ataques, perseguição e ameaças.
Há 40 dias, Vinícius Guedes Sin utiliza redes sociais, plataformas digitais e um site criado especificamente para atacar autoridades públicas.
As publicações envolvem documentos encaminhados pelo autor das postagens a veículos de imprensa. O material analisado não indica qualquer manifestação da promotora relacionada à fixação de visitas restritas a um filho menor, ponto central das acusações divulgadas pelo homem.
As próprias peças processuais e registros de andamento anexados por Vinícius Guedes Sin demonstram que Simone Lúcia Lorens não atuou nesse aspecto específico do processo, embora tenha emitido pareceres técnicos ao longo do trâmite judicial, dentro das atribuições funcionais.
O conteúdo divulgado expõe integralmente processos que tramitam sob segredo de justiça, com ampla circulação em redes sociais, dossiês digitais e publicações reiteradas. A reportagem identificou ainda o uso de documentos editados de forma seletiva, com recortes e interpretações desconectadas do contexto processual.
Vinícius Guedes Sin também cria conteúdos se intitulando falsamente como jornalista. As publicações apresentam informações distorcidas, manipulação de peças judiciais e acusações graves. Segundo avaliação técnica, o conjunto das condutas indica possível perseguição pessoal, além de indícios de crimes como calúnia, difamação, violência psicológica e violência de gênero, uma vez que os ataques são reiterados e direcionados exclusivamente à promotora.

Acusado criou site para fazer acusações contra advogados, promotores, juízes e pessoas envolvidas no processo.
Diante da escalada das agressões e temendo ameaças contra a própria vida, foi protocolado, há cerca de uma semana, um pedido de aplicação de medidas protetivas em favor de Simone Lúcia Lorens. O requerimento segue em análise judicial e, segundo apurado, já passou pela apreciação de diferentes instâncias, permanecendo pendente de decisão até o momento. Com isso, a promotora segue sem medidas de proteção formalmente concedidas.
Na semana passada, a Associação Paranaense do Ministério Público (APMP) se manifestou publicamente em defesa da promotora e classificou as condutas como violência de gênero. Em nota, a entidade afirmou que os ataques não atingem apenas Simone Lúcia Lorens enquanto mulher e agente pública, mas também representam uma afronta aos princípios constitucionais da igualdade, da dignidade da pessoa humana e do respeito às mulheres.
A APMP também destacou que as manifestações comprometem a independência funcional dos membros do Ministério Público, considerada um dos pilares da instituição. Segundo a associação, atacar uma promotora no exercício legítimo de suas funções atinge diretamente as instituições responsáveis pela defesa da sociedade e fragiliza a credibilidade das ações estatais voltadas à proteção de direitos fundamentais.
Outra entidade que se posicionou foi o Conselho dos Direitos da Mulher de Cascavel, que reconheceu a atuação técnica e ética da promotora. O conselho também ressaltou a necessidade da adoção de protocolos institucionais para garantir a integridade física e psicológica de mulheres que atuam no sistema de Justiça.
Em uma das publicações mais recentes, o autor dos ataques divulgou um vídeo com a imagem de um personagem justiceiro associado à morte de pessoas, conteúdo que, segundo especialistas, reforça o caráter intimidatório das manifestações.
Nesta segunda-feira (22), Vinícius voltou a fazer novas publicações. Diante da situação, Simone Lúcia Lorens e sua família relataram extrema preocupação com as reiteradas ameaças. A promotora publicou, nesta data, uma carta aberta relatando o cenário vivido.
"Desde 15 de dezembro, encontra-se em tramitação procedimento judicial destinado à aplicação de medidas cautelares previstas em lei, entre elas a determinação para que o autor dos ataques se abstenha de realizar novas publicações, divulgações ou manifestações envolvendo minha pessoa ou minha atuação funcional, especialmente aquelas capazes de comprometer minha tranquilidade, minha integridade psicológica ou o regular exercício das atribuições institucionais. Até o momento, não houve decisão judicial.
Trata-se de uma situação grave e continuada de violência psicológica contra a mulher, praticada de forma pública e reiterada. A ausência de resposta jurisdicional tempestiva contribui para a perpetuação do sofrimento da vítima e para a continuidade das condutas ofensivas."
Na carta, a promotora também cobra medidas urgentes de proteção:
"Reitero minha confiança no sistema de Justiça e na atuação das instituições, ao mesmo tempo em que registro a urgência de uma resposta efetiva para cessar a violência, proteger as vítimas e reafirmar que nenhuma forma de intimidação, perseguição ou violência de gênero poderá ser tolerada em um Estado Democrático de Direito."

Promotora pede medida de proteção pois teme a escalada de ameaças.
Redação Catve.com
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