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"Estão ricos": ex-delegado morto fazia dossiê sobre colegas de prefeitura na Baixada Santista

O documento preliminar citava suspeitas de fraudes em 11 licitações entre 2021 e 2025


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(Fred Casagrande/Prefeitura de Praia Grande/Reprodução | Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)

Um rascunho encontrado no notebook do ex-delegado geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, apontou que ele preparava um dossiê para entregar ao Ministério Público com acusações contra pelo menos três servidores da Prefeitura de Praia Grande. O documento preliminar citava suspeitas de fraudes em 11 licitações entre 2021 e 2025, supostamente direcionadas para beneficiar a empresa de monitoramento Peltier.

Ferraz foi executado a tiros em 15 de setembro, na Baixada Santista. No rascunho, ele relatou que servidores investigados estariam "ricos, vivendo em apartamento de luxo, carros importados e viagens ao exterior".

Servidores citados e tensões antes do crime

Entre os nomes mencionados pelo ex-delegado está Sandro Rogério Pardini, subsecretário de Gestão e Tecnologia, além de uma servidora do Departamento de Integração da Informação e um engenheiro de telecomunicações. Esses servidores prestaram depoimento e relataram duas reuniões tensas com Ferraz nos dias que antecederam o assassinato. Em uma delas, o ex-delegado teria se irritado ao contestar desclassificações de empresas concorrentes em um pregão de câmeras de segurança.

Segundo depoimentos, três empresas foram desclassificadas por supostas falhas técnicas — o que abriu caminho para que a Peltier vencesse o lote. Após isso, Ferraz teria solicitado documentos de licitações antigas envolvendo a empresa.

Ministério Público descarta ligação com licitações

Apesar do conteúdo do rascunho, o Ministério Público afirma que não há, até o momento, provas de que o assassinato tenha relação com irregularidades na Prefeitura de Praia Grande. Promotores afirmam que o crime foi planejado pelo PCC desde março deste ano, antes de Ferraz levantar suspeitas sobre contratos municipais.

A Promotoria sustenta que a execução teria sido uma vingança da facção criminosa contra o ex-delegado, que já havia sido alvo de um "salve" em 2019. Oito suspeitos foram denunciados, entre eles possíveis executores e pessoas que teriam fornecido casas e veículos usados no crime. Um dos apontados como atirador morreu em confronto com a polícia em Curitiba, em setembro.

Prefeitura nega relação e diz aguardar investigações


Em nota, a Prefeitura de Praia Grande informou que o Ministério Público já descartou qualquer relação entre o crime e a atuação de Ferraz como secretário de Administração. A gestão reforçou que as denúncias apontam o PCC como mandante da execução.


Não houve resposta sobre eventuais medidas administrativas envolvendo os servidores citados no rascunho encontrado no computador do ex-delegado.


O caso segue sob investigação pela Polícia Civil.

Antonio Mendonça/ Catve.com/ Metrópoles

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