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PF identifica novas fábricas clandestinas de fuzis ligadas ao Comando Vermelho no interior de SP

Em um período de seis meses, pelo menos 50 fuzis completos tenham sido fabricados


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Um desdobramento da operação que prendeu dois homens flagrados produzindo componentes de fuzis em uma fábrica de peças aeroespaciais em Santa Bárbara d'Oeste (SP) revelou a possível existência de duas novas unidades clandestinas de armamentos na região. A Polícia Federal (PF) apura indícios de que o esquema criminoso, associado à facção Comando Vermelho (CV), expandiu suas operações para as cidades de Piracicaba e Limeira.

Padrão industrial replicado

De acordo com documentos da investigação, peritos federais identificaram fortes evidências de que maquinários semelhantes aos utilizados na empresa Kondor Fly foram transferidos ou replicados em oficinas de usinagem nessas localidades. Laudos técnicos destacam a utilização da mesma metodologia de fabricação, envolvendo centros de usinagem de Controle Numérico Computadorizado (CNC), programas de modelagem 3D e blocos metálicos idênticos aos empregados na confecção de canos e receptores de fuzis.

A análise dos resíduos metálicos coletados e a similaridade do processo industrial apontam para a repetição do mesmo padrão de produção ilegal nessas novas unidades. As duas metalúrgicas investigadas, registradas oficialmente como fornecedoras de componentes para os setores automotivo e aeronáutico, receberam visitas discretas de agentes, que constataram a presença de equipamentos compatíveis com a fabricação de armamentos.

Estrutura de suprimentos e logística

As investigações revelaram que o grupo criminoso adquiria insumos especializados, como chapas de alumínio aeronáutico e ligas de aço de alto padrão, de forma fracionada e por meio de empresas de usinagem de Campinas e Piracicaba. A aquisição era feita utilizando notas fiscais emitidas para terceiros e CNPJs de fachada, com a justificativa de que os materiais seriam destinados à criação de protótipos aeronáuticos.

O responsável pela logística, identificado como Wendel dos Santos Bastos, atuava como intermediário nesse processo. O material era então enviado para a Kondor Fly via transportadoras comuns e armazenado em galpões separados, em uma estratégia que dificultava o rastreamento pelas autoridades.

Movimentação financeira e distribuição

A estrutura criminosa movimentava valores entre R$ 40 mil e R$ 70 mil mensais com a comercialização de peças e armas montadas. O esquema utilizava contas bancárias de laranjas e familiares dos investigados para receber os pagamentos.

As investigações apontam que parte da produção era destinada a integrantes do Comando Vermelho, no Rio de Janeiro, enquanto outra parcela possivelmente atendia a membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) na região de Campinas. A PF estima que, em um período de seis meses, pelo menos 50 fuzis completos tenham sido fabricados e distribuídos para quatro estados brasileiros.

Descentralização e sofisticação

Com a descoberta das ramificações em Piracicaba e Limeira, a PF abriu novos inquéritos para apurar a transferência de maquinários e arquivos digitais. Há indícios de que projetos técnicos de armas, em formato digital, foram compartilhados com outros profissionais de usinagem da região, aumentando o risco de proliferação dessas fábricas clandestinas.

Os investigadores classificam a operação como uma "manufatura de guerra", devido ao alto nível técnico, ao padrão industrial e à natureza descentralizada da produção, que difere significativamente da fabricação artesanal de armas.

Situação dos investigados

Quatro pessoas foram denunciadas pela PF sob acusação de organização criminosa e comércio ilegal de armas de uso restrito. Dois deles encontram-se presos, um está em liberdade e o proprietário da Kondor Fly é considerado foragido e teve seu nome incluído na lista de procurados da Interpol. As investigações sobre as novas fábricas permanecem sob sigilo judicial.

Antonio Mendonça/ Catve.com/ Metrópoles

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