Um possível caso de tráfico internacional de pessoas está sendo investigado por autoridades brasileiras e paraguaias após o desaparecimento do estudante de Medicina Ricardo Castro Rocha, de 26 anos, natural do Pará e morador de Cidade do Leste, na fronteira com o Brasil.
Ele não é visto desde o dia 15 de abril, quando câmeras de segurança registraram o momento em que entrou em um veículo Toyota Corolla com placas brasileiras, levando uma mala, e deixou o apartamento onde vivia rumo ao aeroporto de Foz do Iguaçu.
Segundo a Polícia Federal, o jovem embarcou sozinho em um voo doméstico de Foz do Iguaçu para o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, na manhã do dia 16 de abril. Horas depois, no mesmo dia, há registro do embarque dele em um voo internacional com destino a Moscou, na Rússia, com escala em Doha, no Catar. A chegada à capital russa estava prevista para o dia 17.
Investigações em curso
De acordo com nota divulgada pela Polícia Federal, o caso está sendo investigado pela Fiscalía Regional de Ciudad del Este, vinculada ao Ministério Público do Paraguai, com apoio da Polícia Nacional Paraguaia. A Polícia Federal brasileira acompanha as apurações e presta suporte técnico por meio do Comando Tripartite, que atua na cooperação entre os países da fronteira.
A família de Ricardo registrou o desaparecimento no dia 17 de abril, após perder contato com ele. O estudante cursa o último ano de Medicina em uma universidade privada paraguaia e vivia há anos na região de fronteira. Os pais, que moram no Pará, viajaram até o Paraguai em busca de informações e iniciaram uma investigação por conta própria, até descobrirem o embarque internacional do filho.
"Ele disse que iria para Assunção"
Em entrevista à imprensa paraguaia, a advogada Celia Martínez, que representa a família, afirmou que Ricardo havia informado à mãe que viajaria para Assunção, capital do Paraguai, mas nunca mencionou qualquer plano de ir à Rússia.
"A passagem de Foz para Moscou custa cerca de R$ 8.500, e ele não tem esse valor. É claro que há pessoas por trás disso. Podemos estar diante de um caso de tráfico de pessoas", alertou a advogada.
Ela levanta a hipótese de que o jovem tenha sido aliciado com promessas falsas de recrutamento militar. Ricardo sempre teria sonhado em entrar para o exército, mas, segundo a advogada, não tinha perfil físico para isso nem completou os estudos para atuar como médico.
"É muito provável que ele tenha sido enganado", concluiu Celia.
Caso pode ser tráfico internacional
As autoridades paraguaias trabalham com a hipótese de aliciamento por uma rede internacional de tráfico humano. Ainda não há informações oficiais sobre o paradeiro do estudante após a chegada à Rússia, e os investigadores buscam rastrear possíveis contatos ou intermediários envolvidos na viagem.
Reportagem Alexandra Oliveira / CATVE.com
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