Brasil tem 993 mil crianças e adolescentes fora da escola, aponta pesquisa do Unicef

Cerca de 993 mil crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos estão fora da escola no Brasil, segundo pesquisa realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), divulgada nesta segunda-feira (28).

Essa faixa etária corresponde ao público em que a educação é obrigatória no país. Além disso, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua 2024, 60% das crianças de 0 a 3 anos estão fora da creche. Os dados revelam que a exclusão escolar está diretamente relacionada à raça, gênero e classe social.

O perfil das crianças fora da escola é majoritariamente masculino: 55% são meninos e 45%, meninas. Em relação à raça/cor, 67% são pretas, pardas ou indígenas.

Entre os adolescentes, o grupo de 15 a 17 anos apresenta o maior índice de exclusão: são 440 mil fora da escola justamente no período em que deveriam estar concluindo a educação básica. A exclusão também tem forte relação com a renda familiar: do total de crianças e adolescentes de 4 a 17 anos fora da escola, quase 400 mil pertencem aos 20% mais pobres da população.

No recorte territorial, 195 mil dos que estão fora da escola vivem na zona rural, enquanto 797 mil estão na zona urbana, o que evidencia que, mesmo em áreas com maior oferta de escolas, ainda existem barreiras que dificultam o acesso e a permanência na educação.

Embora a matrícula em creches não seja obrigatória, o acesso à educação infantil para bebês e crianças de 0 a 3 anos é um direito garantido por lei e fundamental para o desenvolvimento integral. No entanto, atualmente, quase 7 milhões de crianças dessa faixa etária estão fora da creche, formando o maior grupo excluído segundo a PNAD Contínua.

Apesar do cenário preocupante, o relatório também destaca uma importante conquista: entre 2017 e 2025, mais de 300 mil crianças e adolescentes que estavam fora da escola ou em risco de evasão foram identificados e retornaram às salas de aula por meio da estratégia Busca Ativa Escolar (BAE).

Desenvolvida pelo Unicef e pela Undime, a BAE é uma iniciativa que apoia estados e municípios na identificação, no registro, no acompanhamento e na reinserção de estudantes fora da escola ou em risco de evasão no sistema educacional.

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