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Documentos do Arquivo Público auxiliam no processo de solicitação de dupla cidadania

A instituição tem mais de 200 mil documentos sobre imigrantes, a maioria digitalizados


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Foto: Geraldo Bubniak/AEN

As estantes do Arquivo Público do Paraná - físicas e digitais - guardam e protegem parte relevante da história do nosso Estado. Para quem quer conquistar uma outra cidadania, então, a importância é ainda maior. Vinculada à Secretaria da Administração e da Previdência do Estado, a instituição tem mais de 200 mil documentos sobre imigrantes, a maioria digitalizados, e cerca de 90% de seus atendimentos mensais se referem à busca por certidões para processos de reconhecimento de dupla cidadania, já que eles dependem de comprovação da relação de parentesco.

Caso o cidadão precise de documentos para comprovar parentesco e buscar o direito à cidadania de outro país, é possível pesquisar o sobrenome da sua família no site do Arquivo Público para saber se há algum registro de entrada no Estado, de algum antepassado seu. Caso o sobrenome esteja registrado, constará no site o número do livro e da página, então é necessário apenas mandar e-mail para [email protected], solicitando cópia desse registro, podendo solicitar também certidão comprobatória para robustecer a documentação a ser encaminhada ao consulado.

Caso essa busca não traga resultados, é possível pedir uma pesquisa adicional em outros fundos documentais do Arquivo, cujo acesso é aberto ao público e gratuito, com necessidade de agendamento pelo telefone (41) 3521-9100.

O secretário da Administração e da Previdência do Paraná, Luizão Goulart, é um desses cidadãos cujas origens remetem aos países eslavos. "Como descendente de ucranianos e poloneses, sei que documentos encontrados no Arquivo Público guardam os registros de chegada, mas também resgatam raízes, tanto a minha quanto as de milhões de paranaenses", afirma.

Para Fabiane Bergmann, diretora do Arquivo Público do Paraná, o valor dos registros e o resgate de identidades e de laços com os países dos antepassados cria um senso de pertencimento. "Preservar livros com os registros de imigrantes não é só preservar esses documentos comprobatórios, é contar a história de vidas, é resgatar a identidade, as raízes de famílias, é poder proporcionar o sentimento de pertencimento ao país de origem, estreitando os laços com os antepassados. Marcando o início de histórias que se entrelaçam com outras tantas e com a construção do Paraná", diz.

"Poder colaborar com a disponibilização dessas informações e ao mesmo tempo ser guardiões desses documentos é de grande satisfação. Sentimos que o nosso trabalho faz a diferença para a comunidade", afirma.

HERANÇA CULTURAL RICA E DIVERSA - O acervo do Arquivo Público do Paraná, que é o segundo mais antigo do Brasil, conta com registros de desembarque de imigrantes no Porto de Paranaguá, no Litoral do Estado, desde o século XIX, além de outros que comprovam a entrada em hospedarias e colônias aqui instaladas.

O primeiro grande grupo de europeus que chegou ao Paraná era formado por alemães, em 1829. Influentes na arquitetura, agricultura e comércio, os germânicos se instalaram na região de Rio Negro. Hoje, também há forte presença alemã em cidades como Rolândia, Marechal Cândido Rondon e Guarapuava, além da tradicional Colônia Witmarsum, em Palmeira.

Os poloneses, por sua vez, chegaram ao Paraná a partir de 1871, estabelecendo-se, principalmente, onde hoje ficam os bairros Pilarzinho e Abranches, em Curitiba, em Araucária e São José dos Pinhais, na Região Metropolitana da Capital, e em Prudentópolis, Centro-Sul do Estado.

Ainda na década de 1870 os italianos começaram a aportar. Estima-se que quase 40% da população paranaense têm ascendentes nascidos no país da bota, o que ajuda a explicar, em parte, os 68.841 reconhecimentos de cidadania italiana por parte de brasileiros em 2024. Cidades como Colombo e Campo Largo, além do bairro de Santa Felicidade, em Curitiba, ilustram a forte influência desta população em nossa cultura.

Quando os ucranianos começaram a chegar, em 1891, talvez não tivessem noção do tamanho da influência que causariam na nova terra. Somente em Prudentópolis, por exemplo, 75% da população descende destes imigrantes, que aqui fundaram cooperativas - uma das forças econômicas do Paraná - além de indústrias de moagem de grãos e outras iniciativas que moldaram nossa força produtiva.

Já a história da imigração japonesa começa em 1917, com a fundação da Colônia Cacatu, em Antonina. Desde que o Japão se abriu ao comércio internacional depois de 200 anos de isolamento, no fim do século XIX, iniciativas conjuntas entre os governos passaram a permitir ações como a chegada do vapor Kasato-maru, em Santos (SP), com os primeiros 781 emigrantes japoneses. No Paraná, a presença e a influência nipônica são percebidas em cidades como Curitiba, Assaí - cujo nome aliás faz menção à expressão "sol nascente" -, Jacarezinho, Maringá e Londrina.

Outros grupos fundamentais para compreender a formação do povo paranaense incluem povos originários, sírios, libaneses e pessoas oriundas de diversos pontos do continente africano.

AEN-PR

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