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Jackson do Pandeiro: há 43 anos calava-se o mestre que revolucionou o ritmo brasileiro

Rei do Ritmo influenciou gerações com sua batida inovadora e repertório consagrado na MPB


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Há exatos 43 anos, no dia 10 de julho de 1982, o Brasil perdia uma das figuras mais importantes da música popular: Jackson do Pandeiro, o "Rei do Ritmo", mestre em transformar a percussão em linguagem poética e reinventar os compassos da canção brasileira. Nascido José Gomes Filho, em 31 de agosto de 1919, na cidade de Alagoa Grande (PB), Jackson construiu uma carreira marcada por inovação, autenticidade e influência que atravessa gerações.

Jackson iniciou sua trajetória tocando zabumba ao lado da mãe, cantadora de coco, e logo migrou para os bares e rádios de Campina Grande, João Pessoa e Recife. Em 1953, gravou os compactos "Sebastiana" (Rosil Cavalcanti) e "Forró em Limoeiro" (Edgar Ferreira), que o lançaram nacionalmente. A maneira como encaixava palavras nos compassos do baião, coco, xote e frevo impressionava músicos e ouvintes - ninguém fazia aquilo como ele.

O nome Jackson do Pandeiro surgiu ainda nos anos de juventude, quando o artista trabalhava como ritmista em Campina Grande. Fã dos filmes de faroeste norte-americanos, ele adotou o nome "Jackson" inspirado nos cowboys dos cinemas — "todos os heróis se chamavam Jack", ele dizia com humor. O complemento "do Pandeiro" veio naturalmente, por conta do instrumento que o acompanharia durante toda a carreira e se tornaria sua marca registrada.

Jackson se destacou como um verdadeiro homem-orquestra, usando apenas o pandeiro e sua voz para criar arranjos complexos e dançantes. Dominava os ritmos nordestinos com uma pegada moderna, urbana, brincando com pausas, síncopes e improvisos que pareciam impossíveis. Foi por essa genialidade que ganhou o apelido de Rei do Ritmo.

Sua obra influenciou artistas como Gilberto Gil, Chico Buarque, Gal Costa, Alceu Valença, Zé Ramalho, Os Paralamas do Sucesso, Lenine, entre tantos outros. Canções como "Chiclete com Banana", "O Canto da Ema", "Cantiga do Sapo" e "Um a Um" seguem sendo regravadas, redescobertas e celebradas. Até mesmo o frevo e o samba ganharam novas formas após o toque criativo de Jackson.

No palco, misturava a ginga do malandro carioca com a força da cultura nordestina. Ao lado da esposa e parceira artística Almira Castilho, encantava com as famosas "umbigadas", em shows que eram pura energia. Mesmo em seus últimos anos, já sem gravadora e fora dos holofotes da TV, mantinha agenda cheia e o carinho do público.

Jackson do Pandeiro faleceu em Brasília, em 1982, vítima de embolia pulmonar e cerebral, após participar de um evento no Ministério da Educação e Cultura. Foi enterrado no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro, com homenagens discretas, mas emocionadas. Deixou viúva, mas não teve filhos.

Hoje, sua memória é preservada em espaços como o Memorial Jackson do Pandeiro, em sua cidade natal, e em festivais e documentários, como o exibido no In-Edit 2025, que o comparou a Garrincha, por sua genialidade espontânea e transformadora. Seu legado é eterno.

Jackson não apenas tocava pandeiro - ele fazia a música brasileira pulsar. Seu som continua ecoando e ensinando que ritmo também é alma, coragem e identidade.

Antonio Mendonça/ Catve.com

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