Foto: Ari Dias/AEN
Uma vida longa e bem vivida é um privilégio para algumas pessoas, mas em alguns casos envelhecer envolve uma série de dificuldades e medos. Com o passar dos anos, a idade chega e muitos idosos se encontram em situações de abandono, pobreza, falta de acesso à saúde e itens de necessidade básica, entre tantas outras questões, incluindo a mais importante de todas: a moradia.
Laurindo Marinho, de 72 anos, é um exemplo. Chegou à longevidade com histórias tristes para contar. Perdeu os pais ainda jovem e seus avós partiram pouco depois, quando ele tinha apenas 19. Não ficou com herança e precisou tocar a vida como caseiro. Quando finalmente conseguiu se aposentar e guardar dinheiro para construir uma casa, foi enganado em uma venda e trocou a morada própria por uma irregular. Perdeu tudo outra vez.
Irineu Wortigoski, de 77 anos, conhece bem o sentimento do amigo. Perdeu a esposa há 20 anos e tem três filhos, mas mora sozinho. Além disso, a vida até esses dias era um aluguel caro em uma instalação precária.
Mas a solidão e a precariedade deixaram de existir na vida de ambos quando se reencontraram no Condomínio do Idoso de Prudentópolis, região Centro-Sul do Estado, o terceiro a ser construído no Paraná. O conjunto habitacional voltado ao atendimento de idosos com renda de um a seis salários mínimos faz parte do Viver Mais, modalidade do programa Casa Fácil Paraná.
"Eu perdi tudo, não tinha sossego, onde eu morava era um corredor de problemas, não me deixavam dormir. Agora conversamos todo dia com os vizinhos, para mim tá bom, sossegado, tenho cada vez mais amigos", disse Laurindo, que faz compras para o parceiro Irineu, que tem dificuldade de mobilidade por conta de um problema no joelho.
"Aqui a gente se ajuda. Aparece só gente boa por aí pra conversar, sou feliz de morar aqui. O governador teve um plano bom de fazer esse condomínio para quem precisa", completou.
"Eu fiquei sozinho, então achei melhor vir. Eu não posso caminhar por causa do joelho, morava pagando aluguel, era R$ 600, mais a água e a luz. Acho que nunca ia morar numa casa boa assim, com forro de concreto. Eu acho muito bom. Me sinto muito bem cuidado, a vizinhança é boa, convivo com outros, tem sempre vizinhos em roda, de noite a gente dorme quieto, foi uma benção. Eu gosto de morar aqui", declarou Irineu.
VIVER MAIS
Maior iniciativa de habitação popular do País voltada para a terceira idade, o Viver Mais Paraná atende pessoas acima dos 60 anos sem casa própria, com renda familiar de um a seis salários mínimos. A prioridade de atendimento é para aqueles com menor poder aquisitivo.
O público selecionado pela equipe social da Cohapar pode residir nas casas por tempo indeterminado, ao custo mensal de apenas 15% de um salário-mínimo, que atualmente equivale a R$ 181,80. O Governo do Estado investiu mais de R$ 12 milhões nos três que já estão em funcionamento: R$ 3,8 milhões no condomínio de Jaguariaíva; R$ 4,3 milhões no de Foz do Iguaçu; e R$ 4 milhões em Prudentópolis.
O primeiro inaugurado foi o de Jaguariaíva, nos Campos Gerais, tornando-se o ponto de partida para mudar a vida dos idosos paranaenses. Paraílio Lopes da Silva, de 66 anos, mora no local. "Eu não tive casa própria, mas nunca perdi a esperança. Até que um dia recebi uma ligação e fiquei muito feliz. Uma casinha boa dessa aqui, a gente está morando sossegado, é um aluguel mínimo. Gosto de conviver aqui e minha vida melhorou, porque eu estou bem acomodado. Eu gosto", disse.
ESTRUTURA
A estrutura dos conjuntos conta com academia ao ar livre, ambulatório, centro de convivência, horta comunitária, biblioteca, sala de informática e quiosques de jogos, além de sistema de segurança 24 horas. Com o avanço do programa, os projetos passaram a incorporar também outros itens, como piscina térmica, sistema de energia solar e de reaproveitamento de água da chuva.
A engenharia e a arquitetura do condomínio também levam em conta aspectos de sustentabilidade ambiental, como sistemas de captação de energia solar, captação de águas das chuvas e poços artesianos.
Segundo o governador Carlos Massa Ratinho Junior, os projetos foram pensados para suprir necessidades de uma parcela cada vez maior da população paranaense. "Daqui a dez anos, o Paraná vai ter mais idosos do que crianças, então nós precisamos pensar nessas pessoas, que depois de certa idade não conseguem mais financiar a casa própria", afirmou.
Neste modelo, os imóveis não são doados ou vendidos ao público beneficiado, mas cedidos por tempo indeterminado para que, após a sua desocupação, eles sejam novamente direcionados para o atendimento ao público-alvo com o pagamento de um aluguel social. Após a desocupação das unidades, elas são direcionadas ao atendimento dos próximos inscritos no cadastro online da companhia, conforme critérios de prioridade de atendimento, o que garante, de acordo com o presidente da Cohapar, o caráter permanente do programa.
AEN
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