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A liquidação do Banco Master expôs algo que há anos o mercado tenta ensinar, mas que muitos ainda não aprenderam: um banco não remunera bem as pessoas que investem em seus CDBs porque é bonzinho. Na maioria das vezes esse é um sinal de problemas.
Renda fixa não significa risco zero.
Quando uma instituição oferece remuneração muito acima da média de bancos de porte semelhante, isso normalmente indica: necessidade urgente de captação; dificuldade de obter funding barato, ou; fragilidade na carteira de crédito.
O investidor pode até não acompanhar balanços, spreads e alavancagem, mas a taxa dos CDBs é um termômetro simples: quanto mais alta, maior o risco percebido pelo mercado.
E o banco Master apresentou uma sequência de alarmes que poderiam ter sido observados: 1) CDBs subindo rápido demais (um dos sinais mais claros de estresse); 2) Rumores de problemas em carteiras e FIDCs ligados ao banco com inadimplência e reprecificação piorando; 3) Rotatividade de executivos e mudanças bruscas na estratégia. Algo típico de instituições buscando tapar buracos; 4) Aumento de ruídos regulatórios e investigações. Em um setor hiper-regulado, isso raramente é trivial; 5) Executivos com históricos de problemas políticos e indícios de envolvimento com corrupção.
Nenhum alerta isolado derruba um banco, mas a combinação deveria fazer o investidor acender o sinal, no mínimo, amarelo.
Para muitos o aprendizado pode custar caro. Quem tinha CDBs do banco entra automaticamente no processo do FGC, com cobertura de até R$ 250 mil por CPF por instituição. Basta aguardar a operacionalização do pagamento.
Valores acima disso entram na massa falida e, historicamente, são de difícil recuperação.
De qualquer modo, o episódio deixa lições valiosas para qualquer investidor: 1) Taxas extraordinárias indicam riscos extraordinários: Alguém que paga muito mais do que os concorrentes está compensando algo (normalmente risco elevado); 2) Diversificação não é conselho, é obrigação: Concentrar patrimônio em um único banco médio é pedir para testar o FGC; 3) Fique atento a mudanças repentinas: Aumento de taxas, troca de executivos, ruídos em fundos ligados ao banco — tudo isso conta; 4) Plataforma não substitui análise: Estar disponível em uma corretora grande não valida a saúde financeira da instituição emissora; 5) FGC é rede de segurança, não escudo absoluto: Funciona, mas tem limite. E não cobre todos os produtos.
Por fim, a liquidação do Master é menos sobre um banco e mais sobre comportamento.
O investidor brasileiro precisa parar de buscar "a taxa do momento" e começar a olhar o risco embutido em cada oferta.
No fim, a melhor proteção não está no FGC, mas na capacidade de reconhecer sinais antes que eles virem manchetes.
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