Política

Trump, Putin e a Ucrânia: o que pode mudar após o encontro no Alasca - por Ayslan Guetner


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Reprodução Casa Branca

O encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin no Alasca, nesta sexta-feira (15/08/2025), pode marcar um ponto de inflexão no conflito mais sangrento da Europa desde a Segunda Guerra Mundial: a guerra em território ucraniano. Ainda que nenhum anúncio concreto tenha sido feito até agora, o simples gesto de aproximação já mexe com expectativas em Kiev, Bruxelas, Pequim e até mesmo em Brasília.

A guerra da Ucrânia completa mais de três anos sem sinais claros de desfecho. Moscou mantém o controle sobre vastas regiões no leste e no sul do país, enquanto Kiev sobrevive graças ao apoio militar e financeiro do Ocidente. Até aqui, Washington tem sido o fiador desse suporte, mas a volta de Trump à Casa Branca colocou em dúvida a disposição americana de manter esse papel.

Nesse contexto, o encontro no Alasca traz duas leituras possíveis. A primeira é a de que Trump pode estar pavimentando um caminho para reduzir o envolvimento dos EUA no conflito. Sua retórica em campanha sempre foi a de "colocar a América em primeiro lugar", evitando gastos em guerras distantes. Se esse discurso se traduzir em política prática, a Ucrânia poderá ver diminuírem os fluxos de ajuda militar — abrindo espaço para a Rússia consolidar suas conquistas no campo de batalha.

A segunda leitura é mais estratégica: Trump pode estar tentando usar a Ucrânia como moeda de negociação com Putin. Uma trégua ou até um congelamento do conflito, ainda que temporário, daria ao republicano a chance de apresentar-se como "o presidente que trouxe paz à Europa", enquanto, na prática, aceitaria uma nova configuração territorial que favorece Moscou.

Para a União Europeia, esse cenário é preocupante. Sem a garantia plena do guarda-chuva americano, países como Polônia, Alemanha e França terão de decidir se assumem maior protagonismo — com custos políticos e fiscais elevados — ou se aceitam uma Ucrânia enfraquecida e parcialmente ocupada.

Já para Kiev, o sinal é claro: ou se prepara para resistir com menos apoio externo, ou busca acelerar negociações que até pouco tempo eram vistas como inaceitáveis.

No fim, o encontro no Alasca pode ser lembrado como o momento em que a guerra da Ucrânia entrou em uma nova fase: menos sobre batalhas e mais sobre rearranjos diplomáticos. A questão é se esse rearranjo significará o fim do sofrimento ou apenas a consolidação de uma divisão permanente em território europeu.

O que esperar? Mais incertezas. Mas uma coisa parece evidente: o futuro da Ucrânia será decidido menos em Kiev e mais nas mesas de negociação entre Washington e Moscou.

por Ayslan Guetner

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