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Chapecoense: familiares de vítimas de acidente lançam entidade

O objetivo da entidade que já conta com 24 integrantes, é lutar pelos direitos dos familiares


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Os familiares das vítimas do acidente com a delegação da Chapecoense, no voo da LaMia que teve 71 vítimas fatais em novembro de 2016, em Medellín, oficializaram a criação da "Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense". O objetivo da entidade que já conta com 24 integrantes, é lutar por seus direitos e ainda amparar uns aos outros. Veja na íntegra a mensagem de apresentação da associação, assinada pela presidente Fabianne Belle, viúva de Luiz Cesar Martins Cunha, que era fisiologista do clube. Somos a "Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense". Para nós, a noite de 28 de novembro de 2016 nunca acabou. O que o mundo chama de desastre "da Chapecoense", para nós, é a tragédia de nossas vidas. Lindas e merecidas homenagens foram prestadas, mas hoje, o que sobrou para as famílias é um misto de angústia, incerteza e a dolorosa sensação de impunidade. Passados sete meses desde que nossos parentes se foram, decidimos nos unir na dor e na esperança para que juntos possamos recomeçar. Já somos um grupo de 24 pessoas e as portas estão abertas para quem quiser juntar-se a nós. De mãos dadas teremos representatividade e força para lutar uma batalha que, infelizmente, parece estar ainda muito longe do seu fim. A "Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense" atuará em cinco frentes: Responsabilidade Moral, Amparo, Voz, Suporte e Justiça. Responsabilidade Moral Nosso primeiro desafio é construir uma agenda de prioridades perante a Associação Chapecoense de Futebol. Acreditamos que o clube carrega uma responsabilidade institucional intransferível em relação às famílias. Não só dos jogadores e funcionários, mas também de membros da imprensa e convidados que estavam naquele avião. O clube foi abraçado pelo mundo. Rapidamente, refez seu corpo técnico, recebeu jogadores por empréstimo, patrocínio, doações e o amor e carinho de torcedores que agora se espalham por todos os quatro cantos do planeta. Nas nossas casas, infelizmente, nada disso aconteceu. Portanto, é chegada a hora de a Chapecoense olhar de maneira efetiva para esse lado da história, fazendo com que, assim como o clube, todas as famílias tenham condições de seguir com suas vidas. Amparo Embora nunca tenham sido tratadas como tal, nossas famílias são o elo mais frágil desse trágico acidente. Hoje, não há nenhum tipo de acompanhamento - psicológico ou social - para pais, mães, esposas e filhos. Nossa intenção é que exista uma estrutura de suporte para que, cada um à sua maneira, aprenda a lidar com a dor e possa se refazer das feridas deixadas pelo desastre aéreo. Voz O acidente é visto apenas de forma institucional, quando, na verdade, ele é acima de tudo um drama familiar. O clube perdeu seu patrimônio, mas lares perderam seus arrimos. Mesmo assim, desde sempre, fomos colocados no fundo da sala de discussões quando, de fato e de direito, deveríamos estar na primeira fila. Abriremos canais de diálogo para que os verdadeiros representantes das vítimas possam ser ouvidos pela imprensa, políticos, órgãos públicos, interessados em ajudar, instituições de direitos humanos, Ministério Público e responsáveis pelas investigações. Suporte As famílias precisam de suporte financeiro para garantia de moradia, alimentação, saúde e educação pelo período em que perdurar a luta por indenizações dignas. Embora não seja de conhecimento da opinião pública, pessoas passam por sérias dificuldades, sobrevivendo com a ajuda de amigos e parentes. Por isso, atuaremos perante o clube pela instituição de um fundo financeiro de assistência às famílias, apresentando também propostas para a captação destes recursos. Justiça Enquanto ainda houver uma única questão que precise ser esclarecida, lutaremos por respostas. Hoje, pouca coisa avançou e os familiares ainda navegam em um mar de incertezas e informações desencontradas. Vidas foram perdidas pela ganância e pela negligência daqueles que deveriam proteger as pessoas que entraram naquele avião. Porém, a nuvem da impunidade forma-se com cada vez mais força diante de nós. Independentemente das indenizações, é preciso que sejam apuradas as responsabilidades. As autoridades aeronáuticas do Brasil, Bolívia e Colômbia nos devem não apenas respostas, mas também a garantia que algo naquela noite não foi em vão e que este crime não se repetirá. Assim, iniciamos as atividades da "Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense". Afinal, entendemos que, antes de novas homenagens, a maneira mais nobre de lembrar os que se foram seria priorizar os dependentes que ficaram. Fabianne Belle, Presidente da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense

Redação Catve.com

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