Nas últimas semanas, o mundo tem observado com nervosismo a escalada militar entre Irã e Israel, um conflito que, embora distante geograficamente, tem repercussões imediatas e diretas na vida dos brasileiros — e na estabilidade econômica global.
Desde o ataque ao consulado iraniano em Damasco, atribuído a Israel, e a inédita retaliação direta de Teerã com mísseis e drones, o Oriente Médio voltou a ser palco de uma guerra de alta tensão, com potencial para alastramento regional. Além da violência em si, existem consequências silenciosas projetadas pela guerra sobre a economia mundial — e, em especial, sobre economias frágeis e dependentes como a brasileira.
O preço do petróleo disparou, subindo 15% em menos de 20 dias. Para um país como o Brasil, que ainda depende da importação de derivados e cuja malha logística gira em torno do transporte rodoviário, isso significa combustível mais caro, pressão sobre os preços de alimentos, encarecimento do frete e, inevitavelmente, inflação. Em um momento em que o Banco Central ensaiava uma flexibilização nos juros, essa alta de custos impõe um freio indesejado — travando investimentos, consumo e o já combalido crescimento econômico.
O cenário global também se deteriora. A ameaça a rotas estratégicas como o Estreito de Ormuz e o Mar Vermelho reduziu a fluidez do comércio internacional, elevando os custos logísticos e afetando cadeias produtivas. Países centrais, como os Estados Unidos e membros da União Europeia, já sinalizam que os cortes de juros terão de esperar. O dólar se fortalece, os capitais fogem dos países emergentes — e o real sente, com sua desvalorização constante pressionando a inflação e os importados.
É nesse contexto que o Brasil se vê duplamente prejudicado: por um lado, há o alívio ilusório do aumento das exportações de commodities como soja, milho e petróleo, mas, por outro, há um claro empobrecimento estrutural diante da instabilidade financeira, da dependência do modal rodoviário caro e da incapacidade de proteger o consumidor e o produtor nacional dessa nova tormenta externa
A verdade é que conflitos como o de Irã e Israel sempre cobram seu preço — e quem paga, no fim, são os mais vulneráveis. No Brasil, isso significa preços mais altos no supermercado, mais juros no financiamento, mais incerteza para quem quer investir ou empreender. Enquanto as potências jogam o xadrez da geopolítica com armas e drones, países como o nosso ficam relegados à plateia, torcendo para que a próxima faísca não nos custe ainda mais caro.
Se há uma lição a tirar deste momento, é que o Brasil precisa reduzir sua vulnerabilidade externa, diversificar sua matriz logística, fortalecer o mercado interno e buscar protagonismo diplomático para defender a paz — não por altruísmo, mas por pragmatismo. Porque, nesta guerra que não é nossa, somos todos vítimas colaterais.
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