O Brasil registrou 718 feminicídios entre janeiro e junho de 2025, segundo dados do Mapa Nacional da Violência de Gênero, elaborado pelo Observatório da Mulher Contra a Violência, vinculado ao Senado Federal. O número representa uma média de cerca de quatro mulheres assassinadas por dia em razão do gênero no país.
No mesmo período, foram contabilizados 33.999 estupros contra mulheres, o que equivale a aproximadamente 187 casos por dia. Os dados integram uma plataforma que reúne informações públicas e indicadores sobre diferentes formas de violência de gênero, com o objetivo de subsidiar políticas públicas e o debate legislativo.
Especialistas ouvidos em análises sobre o tema destacam que, embora o Brasil conte com leis, como a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) e a criminalização específica do feminicídio no Código Penal, a redução efetiva da violência depende da aplicação consistente das leis, do fortalecimento das redes de proteção e da articulação entre órgãos públicos e a sociedade civil. A compreensão do contexto social em que a violência ocorre é apontada como essencial para prevenir novos casos.
Os números elevados reforçam a importância de campanhas de conscientização, que busca informar a população, estimular denúncias e ampliar o acesso das mulheres aos serviços de apoio.
Historicamente, o Brasil apresenta altas taxas de violência contra mulheres, com a maioria dos casos de feminicídio ocorrendo dentro de casa, praticados por parceiros ou ex-parceiros. Nesse cenário, o Ligue 180, canal do Governo Federal, segue como uma ferramenta central para denúncias, orientações e encaminhamentos, funcionando de forma gratuita e sigilosa em todo o país.
Você conhece o 'sinal de socorro' para denunciar violência contra mulher?
O gesto, que pode salvar vidas, é simples. Palma da mão esticada e movimentos fechando para esconder o dedo polegar, assim é possível denunciar a violência contra a mulher.

Relembre um caso recente no Brasil
Morreu na noite de quarta-feira (24) Tainara Souza Santos, de 31 anos. Ela foi agredida, atropelada e arrastada por um quilômetro pelo ex-companheiro Douglas Alves da Silva, no dia 29 de novembro na Marginal Tietê, zona Norte de São Paulo. A confirmação da morte foi publicada pela mãe da jovem nas redes sociais.
Taiana passou por cirurgias e teve que amputar as pernas. A jovem deixou dois filhos, Enzo, de 12 anos, e Kethyllen, de 7 anos. O autor do crime, Douglas Alves da Silva, de 26 anos, está preso desde 30 de novembro.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública o autor já tinha tido a prisão decretada pela Justiça no último dia 6, quando foi capturado pela Polícia Civil. "Com o óbito da vítima, a natureza do crime já foi atualizada para feminicídio consumado. O caso segue sendo investigado pela pelo 73ª Delegacia de Polícia, informa a pasta.,
Segundo o advogado da família, Tainara estava em frente a um bar na região da Vila Maria, quando o suspeito, Douglas Alves da Silva, se aproximou. O homem iniciou uma briga com outro rapaz que estava junto com a vítima. Na sequência, Douglas entrou em um Volkswagen Golf preto e avançou com o carro contra a vítima, que caiu e ficou presa sob o veículo. Imagens que circulam pela internet mostram a vítima embaixo do veículo sendo arrastada pela Marginal Tietê. As imagens são fortes. Ao ser preso, o homem alegou que queria atingir o acompanhante da mulher.
Tainara foi socorrida com lesões graves, teve as pernas amputadas e foi internada. Nas últimas semanas, passou por ao menos cinco cirurgias após o atropelamento. As primeiras foram realizadas ainda no dia 29, para a amputação das duas pernas.
Dados Mundiais
Um total de 83 mil mulheres e meninas foram mortas em 2024 em todo o mundo, segundo o Femicide Brief 2025, divulgado pela ONU Mulheres e pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Do total de vítimas, cerca de 60%, aproximadamente 50 mil, foram assassinadas por parceiros íntimos ou membros da própria família.
Os dados indicam que, em média, uma mulher ou menina é morta por um parceiro ou familiar quase a cada 10 minutos. Em contraste, apenas 11% dos homicídios de homens no mesmo período foram cometidos por parceiros íntimos ou familiares, o que reforça o caráter profundamente desigual e de gênero desse tipo de violência.
Segundo o relatório, o feminicídio raramente é um evento isolado. Ele costuma ser o ponto final de um contínuo de violências, que inclui controle, ameaças, intimidações e assédio.
Maria Vitória sob supervisão de Alexandra de Oliveira | Catve.com
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