Foto: PCPR
Organizador de eventos geek de Cascavel e região está sob investigação da Polícia Civil por acusações graves de crimes sexuais contra menores. A prisão do organizador de eventos, que também foi candidato a vereador em 2024, trouxe à tona diversos relatos de vítimas. Uma delas, uma jovem que participou de um evento em Francisco Beltrão, compartilhou sua história com a reportagem, detalhando os abusos e as ameaças que sofreu.
A jovem, que prefere não se identificar, conta que conheceu o acusado em abril de 2024, durante o evento organizado por ele. Ela participava de um desfile de cosplay e tirou uma foto com ele. "Quando eu cheguei em casa, postei a foto e o marquei. Ele respondeu o meu stories, disse que me achou fofa", relata. A partir daí, a comunicação migrou para o WhatsApp a pedido dele. "Ele disse que era difícil conversar pelo Instagram porque às vezes estava trabalhando", explica.
A conversa, que começou de forma inofensiva, rapidamente mudou de tom. "Ele começou a dar em cima de mim, e eu comecei a achar estranho", diz a jovem. O comportamento do acusado se tornou mais invasivo, inclusive em outras redes sociais. "Ele achou meu arroba no TikTok, pegou alguns vídeos meus e ele começou a comentar coisas com cunho sexual, fazendo muita brincadeira".
O assédio escalou, e a jovem passou a se sentir em perigo. "Chegou a um ponto que ele falou que queria muito me ver, que queria me encontrar, que queria minha atenção. Nisso, eu fiquei com medo", revela. Ela procurou apoio em amigos e em sua mãe, que a asseguraram que o acusado não faria nada. A partir desse momento, ela decidiu cortar totalmente o contato. "Depois que eu fiz isso, e tirei print das coisas, fui num outro evento que era de outra pessoa, lá por setembro, e ele me abordou no final", conta a jovem.
Segundo a menina que na época tinha 17 anos, o encontro no segundo evento foi traumático. O homem, com um tom de voz agressivo, confrontou a jovem. "Ele começou a falar comigo, dizendo que o que eu estava fazendo era errado. Ele apontou o dedo na minha cara e disse que chamaria um advogado se eu tentasse seguir em frente", lembra. Ele ainda a acusou de falsificar as provas. "Disse que meus prints, que as coisas que eu estava mostrando para os outros, eram editadas, era photoshop". Ameaçador, ele apertou a mão dela e foi embora. "Eu fiquei muito mal, eu chorei depois, e eu nunca segui em frente com a denúncia porque eu fiquei com medo", confessa a vítima.
Com a prisão do acusado na última quarta-feira (10), a jovem se sentiu encorajada a falar e buscar justiça. "Depois que eu vi que ele foi preso e tudo mais, eu me senti à vontade para poder contar para os outros o que aconteceu e tentar seguir para frente com a denúncia", finaliza.
De acordo com a delegada Thais Zanatta, do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria), sete vítimas foram identificadas até agora, com idades entre 13 e 17 anos. Os casos teriam ocorrido entre 2023 e 2025. A polícia descobriu o material probatório durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na casa do suspeito, onde foram apreendidos aparelhos celulares.
A investigação revelou que o acusado utilizava a notoriedade no cenário de eventos para se aproximar de adolescentes, gravando inclusive materiais de cunho sexual que seriam usados para ameaçar as vítimas.
Para proteger as vítimas, a delegacia encaminhou os relatos para uma escuta especializada, garantindo um ambiente seguro para que elas possam relatar os abusos, e assim, colaborar com o inquérito policial.
Diego Hellstrom/Catve.com
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