O padre acusado de abuso de vulnerável em Cascavel também prestava serviços terapêuticos a uma família. Para que o medicamento tivesse efeito, segundo ele, o rapaz precisava ser atendido na casa paroquial.
Uma mulher aceitou conceder entrevista à Catve sem se identificar e contou que, em 2019, o sobrinho começou a ter problemas com drogas. O padre, detido neste domingo, ofereceu ajuda para que o jovem deixasse o vício.
A tia acredita que o sobrinho participou de três a quatro sessões na casa do religioso. No entanto, em vez de melhorar com as terapias e remédios, as supostas sessões só pioraram a saúde do rapaz, que entrou em depressão.
No ano passado, já com 23 anos, ele se jogou de um dos viadutos que ligam a região central à zona norte da cidade, em um incidente grave que deixou sequelas.
"Ele vai estar em tratamento com psiquiatra, neurologista, fazendo fisioterapia, psicóloga e tudo, esperando cirurgia para repor o osso da cabeça que está na barriga e daí tem que repor de volta", explicou a tia do jovem.
O caso veio a público neste mês, quando a Polícia Civil, por meio do Nucria anunciou que estava apurando os detalhes. Ao mesmo tempo, a Arquidiocese de Cascavel comunicou o afastamento do sacerdote de suas funções religiosas até que a investigação seja concluída.
Ainda segundo a mulher, moradora da região norte, onde os crimes teriam ocorrido, os boatos sobre os abusos já existiam. Mesmo assim, ao contrário do que afirmou a polícia, nenhum familiar denunciou oficialmente o ocorrido com o sobrinho.
A defesa do religioso enviou nota a Catve dizendo que "diante do noticiado recentemente, a defesa do Padre vem a público expor algumas considerações que entende importantes, seja à população Cascavelense, independentemente de religião, e aos meios de comunicação.
No dia 14 de agosto de 2025 o Padre foi intimado pela Diocese de Cascavel do seu afastamento, decorrente de suposta investigação por crime sexual, inclusive com determinação para deixar a cidade e "internar-se" em Fazenda localizada noutro Estado da Federação, com a justificativa de receber tratamento.
De pronto, o religioso contatou com o subscritor e na sexta-feira seguinte (15) houve conversa a respeito do fato, até enquanto totalmente desconhecido. Na segunda-feira, já munido de procuração, na sede do NUCRIA foi feito pedido de habilitação, de modo que pudéssemos tomar conhecimento do que até então produzido na investigação, deixando consignado, ali, a intenção de total colaboração com a investigação.
Apenas em 21 de agosto, quinta-feira, fomos habilitados no inquérito, e desde o início deixamos consignado, repita-se, que ele está à inteira disposição da Polícia investigativa e do Poder Judiciário, tanto que se negou a sair da cidade.
Para a surpresa da defesa, no domingo pela manhã (24), foi contatada com a informação do cumprimento de mandados de prisão temporária e de buscas e apreensões.
A respeito dos fatos, ainda em fase embrionária, de investigação, constituída essencialmente em depoimentos orais, a defesa manifesta que irá se pronunciar no processo, acompanha a investigação com o intuito de colaboração total, de modo que se busque a verdade real dos fatos, e não aquela exteriorizada pela digna autoridade policial em entrevista nos meios de comunicação.
Todos os aparelhos eletrônicos foram apreendidos e serão periciados, e deste relatório muito da verdade aparecerá, de que nada será encontrado, que denigra ou aponte o religioso como criminoso e/ou doente, como algumas pessoas estão catalogando nas redes sociais.
Neste momento, deve haver respeito ao princípio previsto na Constituição da República Federativa do Brasil, da presunção de inocência, de que ninguém é considerado culpado até que exista uma decisão judicial transitada em julgado, ou seja, aquela que não cabe mais recurso algum.
A defesa confia nas Instituições devidamente constituídas, na seriedade, da Polícia Civil, do Ministério Público e do Poder Judiciário, enaltecendo que todas as manifestações oportunas e técnicas serão exclusivamente dentro do processo, esperando que os demais responsáveis pela condução dele também assim o façam.
Trata de questão sensível a todos, um ser humano até então investido do sacerdócio, que há 12 (doze) anos o desenvolve com retidão, às questões dos menos favorecidos, moradores de rua, dependentes químicos, vulneráveis, mas sempre com a questão do auxílio ao próximo.
A Justiça deve ser feita, mas com o devido processo legal, com as garantias do contraditório e da ampla defesa respeitados, que toda a prova seja colhida perante o Judiciário, e que um Magistrado ao final julgue e profira sentença de acordo com elas (as provas), e não meros indícios, o que até aqui existentes. Prova requer todo o respeito na forma da sua produção, em Juízo, dúvidas e préjulgamentos, de quaisquer pessoas, no futuro poderá ficar evidenciado o erro, e quiçá aí poderá ser tarde, pois o Julgamento popular e midiático já o terá condenado, mesmo, ao final, sendo inocente.
O Direito de defesa é sagrado, e se pede que todos acompanhem as notícias, mas que elas sejam dadas com cautela, a mesma que as pessoas devem ter ao pré-julgar um semelhante, recebendo o teor dessas informações.
Prossigamos na Fé de Deus, acreditando sempre na Justiça dos Homens, mas que ela venha, como dito, dentro do total respeito ao devido processo legal, contraditório, ampla defesa, presunção de inocência.
A defesa prossegue acompanhando as investigações, tomará todas as providências necessárias à busca da revogação da prisão, que entende desnecessária nesse momento, estando à disposição."
Confira mais detalhes no vídeo:
Reportagem de Leandro Souza | EPC - ESPORTE, POLÍTICA E CIDADANIA
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