Foto: CATVE
Advogado de defesa de Emily Santos Saraiva e Maicon Henrique Paco, Claudinei Ozelame, participou do Jornal da CATVE e concedeu entrevista exclusiva para a jornalista Eliane Mendonça na tarde desta quinta-feira (1°).
O casal de namorados é acusado de sequestrar a menina Ágata Sofia Saraiva, resgatada pela Polícia Civil em Governador Valadares (MG), na última terça-feira (30).
Segundo Claudinei Ozelame, logo após o nascimento em 16 de dezembro de 2020, Ágata Saraiva continuou sob os cuidados da mãe biológica, com 16 anos à época. Inicialmente, a mãe e a filha conviviam na casa da mesma família acolhedora. Ele explicou que, desde o parto até o momento, a convivência entre as duas sempre foi agradável.
"Ela [Emily Saraiva] completou 18 anos, saiu do acolhimento e nunca deixou de visitar a filha, nunca deixou de estar ali presente, porque é uma mãe", afirma Claudinei Ozelame.
Ao ser questionado sobre os motivos pelos quais Emily perdeu a tutela de Ágata, o advogado comenta que deve analisar as circunstâncias do processo e descobrir o porquê a menina foi retirada do convívio familiar. Em relação ao crime, o advogado não descartou a possibilidade da Justiça conceder perdão judicial à Emily.
"Ela me procurou, a família dela me procurou e nós estávamos articulando já o retorno dela [para Cascavel]. Dentro desse processo de rapto, eu já juntei dentro dos autos várias imagens dela [Ágata Saraiva] brincando, bem vestida e alimentada", comenta o advogado sobre o período em que a criança ficou em Governador Valadares.
Ao perceber o crime praticado, segundo a defesa, Emily Saraiva buscou ajuda para solucionar o caso antes de ser localizada pela Polícia Civil de Minas Gerais. Há 15 dias cuidando do caso, o advogado disse que, quando tem clientes procurados pela Justiça, ele prefere não saber a localização dos acusados.
Conforme o advogado, o processo de negociação para entrega da criança partiu da mãe biológica, mas não se efetivou porque a família não tinha condições financeiras para custear a viagem da menina de Governador Valadares a Cascavel, municípios com aproximadamente 1.700 km de distância.
Claudinei Ozelame pontuou que os dois acusados de sequestro não tinham passagens policiais. Sobre as famílias acolhedoras destacarem a conduta rebelde de Emily Saraiva, o advogado confirmou que, naquela época, ela teve más companhias e fez uso de substâncias ilícitas. No entanto, segundo a defesa, a jovem recebeu o devido tratamento e, atualmente, não é mais dependente de químicos.
Eliane Mendonça: A Emily tem condições de criar a Ágata? Claudinei Ozelame: Não só psicologicamente ela tem, como financeiramente tem. A família está dando todo suporte para ela. Viu que ela mudou daquela menina que era com 15, 16 anos, que todos podem cometer um erro, mas ela buscou reparar esse erro. Ela se viu pressionada e não estava conseguindo trazer ao laço familiar a sua filha. Ela estava trabalhando, ela já estava três meses numa empresa. O atual companheiro dela, o Maicon, é um excelente trabalhador. Ele contribuiu [com o crime], ele estava junto nessa situação, ele financeiramente é estável, ele tem um emprego há muito tempo e ele quer dar todo o suporte para Emily e para Ágata. Eliane Mendonça: Ele que ajudou a Emily? Mais alguém? Claudinei Ozelame: Não, eu só tenho conhecimento que ele dirigiu o veículo, e a Emily que acabou pegando a Ágata na frente porque ela reconheceu a mãe dela e foi com a mãe. Eliane Mendonça: O casal continua em Minas Gerais e vai ter uma audiência? É isso? Claudinei Ozelame: Nós só estamos aguardando uma decisão da Penitenciária de Governador Valadares. Vai ser hoje ou vai ser amanhã. Vamos participar dessa audiência de custódia e, depois disso, a delegada Graziela [Lopes, do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria) e interina do caso] vai ouvi-los também. Eliane Mendonça: O que é uma audiência de custódia? Claudinei Ozelame: É pra conhecer como foi feita a prisão deles, se teve alguma agressão, se não teve e, aqui publicamente, eu gostaria de agradecer a doutora Fabíola, que é da Antissequestro de Minas Gerais, ela agiu como uma mãe. A forma como ela conduziu, a forma como ela conversou com a Ágata, como ela conversou com o Maicon e com a Emily também. Foi excelente. Eliane Mendonça: Para a gente finalizar, doutor, a Justiça tira a criança do núcleo familiar quando ela entende que essa criança corre algum perigo. Quais são os perigos que, hoje, a Ágata corre ao ficar com a mãe biológica, Emily? Claudinei Ozelame: Nenhum perigo. O perigo é só dela ser uma criança amada pela mãe, amada pelo companheiro e tendo uma vida saudável junto com a verdadeira mãe e genitora dela. |
O Sequestro de Ágata Saraiva
Ágata Saraiva, de 3 anos, estava na frente da casa da família acolhedora quando foi levada em um Ford Focus. O veículo foi localizado na rua Raimundo Mascarello, no Loteamento Siena. Na tarde de sexta-feira (12), o Ministério Público do Paraná pediu ao judiciário busca e apreensão de Ágata Sofia Saraiva.
Entre o fim da tarde e a noite de 12 de janeiro, a Justiça determinou a prisão do casal suspeito de raptar a criança. Então, a partir daquele momento, os envolvidos eram considerados foragidos da Justiça
O Poder Judiciário acatou o pedido de prisão solicitado pela Polícia Civil de Cascavel, que investiga o caso. Os mandados foram expedidos pelo Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra À Mulher, da Vara de Crimes Contra Crianças, Adolescentes e Idosos.
Ágata Saraiva foi encontrada em Governado Valadares, Minas Gerais, na noite desta terça-feira (30). Após investigações de alta complexidade, a Polícia Civil identificou a localização da menina e solicitou o apoio da Polícia Civil de Minas Gerais. A mãe biológica, um parente dela e o namorado estão presos.
Redação Catve.com
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