Foto: Reprodução Campo Grande News
Luccas Abagge, de 32 anos, foi morto neste sábado (10) em Fátima do Sul, município distante 239 quilômetros de Campo Grande, por policiais do SIG (Setor de Investigações Gerais). O confronto ocorreu numa casa em que ele se escondia, na Rua Santo Amadeu.
Os agentes o encontraram em trabalho conjunto de troca de informações entre os SIGs de Dourados e Fátima do Sul, além da Polícia Penal.
Ele era foragido da Penitenciária Estadual de Dourados desde quarta-feira (7). Abagge foi condenado a prisão no estado do Paraná e recapturado em junho deste ano, na fronteira com o Paraguai.
Em janeiro de 2019, foi condenado a 54 anos por homicídio, pena posteriormente reduzida para 48 anos. O crime ocorreu em disputa por ponto de vendas de drogas em Curitiba, capital do Paraná. Em julho do mesmo ano, ele foi condenado de novo, dessa vez a 32 anos por matar um adolescente e deixar outro ferido na capital paranaense.
Com histórico de fugas, Luccas também carrega o sobrenome ligado à morte do menino Evandro Caetano, de seis anos, que abalou o Brasil nos anos 1990. A família ficou conhecida pelo crime ocorrido em Guaratuba (PR), em 1992. Sua mãe, Beatriz Abagge chegou a ser condenada pela morte da criança, teve perdão judicial e atualmente pede a revisão à Justiça. Numa série documental, ela relata ter sofrido tortura para confessar o crime.
O velório de Luccas Abagge acontece na capela 3 do Cemitério Municipal Água verde. O enterro está programado para às 14h de segunda-feira (12) no mesmo local.
FUGA
Conforme apurado pela reportagem, ele foi alojado na cela 29 do Raio 2, onde ficam presos do PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele escalou a muralha do presídio usando uma "teresa" - corda artesanal feita com pedaços de pano. Numa das pontas havia uma barra de ferro pontiaguda, que foi cravada no chão para prender a corda.
A real identidade foi confirmada com a coleta de impressões digitais. Ele também foi denunciado por falsificação de documento público e uso de documento falso, quando foi recapturado em Ponta Porã no dia 18 de junho deste ano.
Ele negou ser Luccas Abagge, mas a perícia confirmou se tratar do criminoso paranaense procurado por várias mortes. Com isso, se tornou réu por crimes também em Mato Grosso do Sul. Com prisão preventiva decretada, foi mandado para a Unidade Penal de Ponta Porã e depois transferido para o presídio de Dourados.
Abagge estava em processo de transferência para um dos novos presídios da Capital, onde o sistema de segurança é maior, mas escapou antes.
CACSO EVANDRO
Luccas Abagge é filho de Beatriz Cordeiro Abagge, uma das condenadas pela morte do menino Evandro Caetano. Numa série documental, ela relata ter sofrido tortura para confessar o crime e recebeu pedidos de perdão do Estado do Paraná.
Evandro Ramos Caetano, então com 6 anos, desapareceu no dia 6 de abril de 1992. Seu corpo foi encontrado em 11 de abril, em um matagal da cidade litorânea de Guaratuba, no Paraná, sem vários órgãos, com mãos e pés amputados, e vísceras e coração arrancadas.
A promotoria pública do Paraná indiciou Beatriz Cordeiro Abagge e a mãe, Celina Abagge (então primeira dama do município), como mentoras do sequestro e morte de Evandro. A alegação foi de sequestro e utilização da criança em suposto ritual de magia negra para obtenção de benefícios materiais junto a espíritos.
Em 23 de março de 1998, Beatriz e Celina foram julgadas pela primeira vez, em processo que é o mais longo júri da história da justiça brasileira - 34 dias de julgamento. No veredito foram consideradas inocentes. Em 1999 o júri foi anulado, com novo julgamento realizado 13 anos depois, em 28 de maio de 2011.
Outros acusados de envolvimento no suposto assassinato também foram julgados pelo crime: o pai-de-santo Osvaldo Marcineiro, o pintor Vicente de Paula Ferreira e o artesão Davi dos Santos Soares. Os três foram condenados em 2004. Os outros acusados, Francisco Sérgio Cristofolini e Airton Bardelli dos Santos, foram absolvidos em 2005.
No segundo julgamento Beatriz foi condenada a 21 anos e 4 meses de prisão. Em 17 de abril de 2016, o Tribunal de Justiça do Paraná concedeu perdão de pena para Beatriz Abagge.
Redação Catve.com com Campo Grande News
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