Foto: Jonathan Campos/AEN
O Brasil iniciou oficialmente a contagem de 28 dias, prazo considerado fundamental para retomar o status de país livre de gripe aviária de alta patogenicidade. A avaliação foi feita nesta segunda-feira (19) pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, após a confirmação de dois casos da doença em aves: um em uma granja comercial no município de Montenegro (RS) e outro em cisnes de um zoológico em Sapucaia do Sul (RS).
Segundo Fávaro, se nenhuma nova infecção for registrada nesse período, o país poderá informar aos mercados internacionais, com respaldo técnico e científico, que o surto foi controlado. "O importante é fazer o bloqueio total e o rastreamento de tudo o que saiu da granja afetada. Descartar a produção e eliminar o risco. Cumprido isso, os 28 dias representam o ciclo do vírus. Se não houver novos casos, podemos com segurança dizer que o Brasil está novamente livre da gripe aviária", declarou o ministro.
Apesar disso, ele frisou que a reabertura dos mercados não será automática. "É natural que países importadores queiram esclarecimentos adicionais, mas esse processo será gradativo e com base em evidências", explicou.
Medidas em curso para garantir o cumprimento do prazo
Desde o primeiro caso confirmado em 16 de maio, uma série de ações emergenciais foram colocadas em prática para conter a disseminação do vírus. Na granja de Montenegro, onde foi identificado o foco mais preocupante, todas as aves e ovos foram eliminados e a limpeza das instalações está em andamento. O rastreamento da produção e o descarte de ovos distribuídos a incubatórios também estão em curso.
Barreiras sanitárias para controle de trânsito de animais já foram instaladas na região, além da criação de pontos de desinfecção em propriedades próximas. Em um raio de 10 km ao redor da granja, centenas de propriedades estão sendo vistoriadas. Apenas uma suspeita foi identificada até agora, em uma criação de subsistência na área de vigilância, sem impacto no comércio internacional.
Seis suspeitas sob análise
Além dos dois casos confirmados no Rio Grande do Sul, o Brasil investiga seis outras suspeitas. Duas delas envolvem granjas comerciais, nos estados de Santa Catarina (Ipumirim) e Tocantins (Aguiarnópolis). Outras quatro são em criações de subsistência no Mato Grosso, Ceará, Sergipe e no próprio Rio Grande do Sul. Amostras coletadas foram encaminhadas a laboratórios especializados, com resultados previstos para os próximos dias.
No caso de Aguiarnópolis, exames iniciais apontam para presença do vírus Influenza A, mas com baixa chance de ser uma cepa de alta patogenicidade. As autoridades seguem monitorando o local de perto.
Consequências comerciais e confiança no sistema
O caso confirmado em uma granja comercial levou países como México, Uruguai, Chile. China, União Europeia e Argentina a suspenderem temporariamente a importação de carne de frango brasileira. Embora o foco esteja localizado, os acordos comerciais permitem que os parceiros imponham restrições a todo o território nacional.
Segundo o ministro Fávaro, o sistema de defesa agropecuária do Brasil está preparado para lidar com situações como essa. "O que estamos fazendo é mostrar que o sistema é robusto, transparente e eficiente. É isso que constrói a credibilidade que o mundo espera de nós", afirmou.
Consumo seguro
O Ministério da Agricultura reforça que a gripe aviária não é transmitida por meio do consumo de carne de frango ou ovos devidamente inspecionados. A doença representa risco baixo para seres humanos e, geralmente, só afeta pessoas com contato direto e prolongado com aves doentes.
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