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Ex-procuradora-geral do Exército de Israel é presa após admitir vazamento de vídeo que mostra tortura

Ela renunciou ao cargo na última sexta-feira e confessou ter autorizado divulgação das imagens


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Divulgação / Forças Armadas de Israel

A ex-procuradora-geral do Exército de Israel, Yifat Tomer-Yerushalmi, foi presa nesta segunda-feira (3) após admitir que autorizou o vazamento de um vídeo em que soldados israelenses aparecem torturando um prisioneiro palestino. A informação foi confirmada pelo ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, durante entrevista em Jerusalém.

A prisão ocorre três dias depois de Tomer-Yerushalmi anunciar sua demissão do cargo, na sexta-feira (31). No domingo (2), o caso ganhou ainda mais repercussão após o carro da ex-procuradora ser encontrado abandonado em uma praia ao norte de Tel Aviv, levantando rumores sobre uma possível tentativa de suicídio — hipótese que foi negada pela polícia israelense, que informou que ela estava viva e sem ferimentos.

Entenda o caso

O escândalo teve origem em 5 de julho de 2024, quando cinco reservistas do Exército foram acusados de torturar um preso palestino algemado e vendado na base militar de Sde Teiman, no deserto de Negev.

O detento sofreu fraturas nas costelas, perfuração no pulmão e lesões graves na região anal. Relatos iniciais mencionavam violência sexual, mas a Promotoria Militar não incluiu essa acusação formalmente, alegando falta de provas.

As denúncias provocaram protestos de grupos da extrema-direita, que chegaram a invadir bases militares em defesa dos soldados. Dias depois, um vídeo da câmera de segurança foi vazado ao canal N12, mostrando os militares cercando o preso com escudos e um cão, antes de ele cair ao chão.

Na carta de renúncia divulgada na sexta-feira, Tomer-Yerushalmi confirmou ter autorizado o vazamento das imagens em agosto de 2024, dizendo que o fez para "defender a credibilidade do departamento jurídico militar", alvo de ataques políticos.

"Assumo total responsabilidade por qualquer material divulgado à mídia. Foi uma tentativa de combater a propaganda falsa contra as autoridades militares", escreveu.

Reações e crise no governo

Após o vazamento, aliados do governo de Benjamin Netanyahu passaram a atacar a ex-procuradora. O ministro da Defesa, Israel Katz, afirmou que "qualquer pessoa que inventasse crimes contra soldados israelenses era indigna de vestir o uniforme".

Ben-Gvir, por sua vez, comemorou a demissão da ex-procuradora e exigiu investigações mais amplas sobre o caso.

Netanyahu, em sua primeira manifestação sobre o tema, pediu uma "investigação independente e imparcial" e reconheceu que o episódio "causou danos à imagem do Estado de Israel".

Tomer-Yerushalmi é investigada por fraude, quebra de confiança, abuso de poder e divulgação de informações confidenciais. O ex-procurador-chefe militar, coronel Matan Solomesh, também foi detido sob as mesmas acusações.

A ex-procuradora foi colocada em isolamento sob vigilância reforçada, após autoridades expressarem preocupação com sua segurança pessoal.

ONU denuncia abusos contra palestinos

O caso reacendeu o debate sobre abusos cometidos contra palestinos detidos desde o início da guerra entre Israel e Hamas, em outubro de 2023.

Um relatório da ONU, divulgado em julho de 2025, documentou denúncias de tortura e detenções secretas em centros militares israelenses. Organizações de direitos humanos afirmam que há centenas de casos semelhantes sendo investigados.

O Exército israelense, por outro lado, reconhece que há investigações em andamento, mas nega a existência de maus-tratos sistemáticos.

Antonio Mendonça/ Catve.com/ Metrópoles

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