Produtores de leite participaram, nesta terça-feira (21), de uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) para discutir a crise que atinge o setor. O principal foco foi a queda no preço pago ao produtor e os impactos da importação de leite estrangeiro, especialmente da Argentina e do Uruguai.
Está em tramitação na Alep um projeto de lei que busca fortalecer a competitividade da cadeia leiteira, com atenção especial à agricultura familiar. O objetivo é evitar o colapso de pequenas propriedades rurais e garantir condições justas de mercado.
"Estamos vendo uma crise sem precedentes no preço do leite no Paraná, muito parecida com a de 2023, quando o valor pago ao produtor caiu pela metade. Estamos no limite de continuar ou não na atividade. O gargalo, com certeza, é a entrada do leite em pó importado pela Argentina, Uruguai e talvez até da Europa, triangulado pelo Mercosul", explicou o deputado estadual Luis Corti (PSB).
Mais de 700 produtores participaram da audiência, reivindicando fiscalização mais rigorosa sobre as margens da indústria e do varejo.
"Queremos que o governo estadual e o federal fiscalizem melhor como estão as margens da indústria e do varejo. O custo de produção do agricultor é alto, mas ele não define o preço: quem define é o mercado e a indústria. O agricultor acaba trabalhando no negativo, enquanto os outros têm margens altas. Isso precisa ser equilibrado", afirmou Alexandre Leal dos Santos, presidente da Fetaep (Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná).
O projeto foi incluído e votado ainda durante a sessão, mesmo fora da ordem do dia, devido à urgência da situação. Segundo os parlamentares, a aprovação rápida é essencial para que os produtores sintam os efeitos das medidas o quanto antes.
Entre as ações previstas estão o reforço técnico no campo, o bloqueio de importações de leite em pó, o aumento do fornecimento de leite no programa estadual para crianças até 4 anos e a substituição do leite em pó por leite fluido na merenda escolar.
"Todos os municípios terão, no mínimo, um técnico do Estado para dar assistência aos produtores. Também queremos transformar a merenda escolar, substituindo o leite em pó pelo leite fluido, o que deve retirar cerca de 400 mil litros de leite do mercado por meio da compra pública", destacou o secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Márcio Nunes.
A Fetaep reforçou ainda a necessidade de uma política estruturante para o setor leiteiro, capaz de reduzir a instabilidade nos preços.
"Queremos discutir a estruturação da cadeia do leite. O preço não pode oscilar tanto, há períodos em que ultrapassa R$ 3 e agora está abaixo de R$ 2. Precisamos de equilíbrio para dar segurança ao produtor", concluiu Alexandre Leal.
Confira detalhes no vídeo:
Reportagem de Ana Reimann | EPC - ESPORTE, POLÍTICA E CIDADANIA
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