Cotidiano

Perdas milionárias em COEs de Ambipar e Braskem geram alerta sobre risco e transparência de investimentos

Investidores enfrentam prejuízos de até 93% em Certificados de Operações Estruturadas


Imagem de Capa

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Investidores que aplicaram em Certificados de Operações Estruturadas (COEs) vinculados a títulos de dívida das companhias Ambipar e Braskem registraram perdas drásticas, chegando a até 93% do capital inicial. O colapso desses produtos, comercializados principalmente por grandes plataformas como XP Investimentos e BTG Pactual, gerou uma onda de reclamações e levantou um debate urgente sobre a clareza e os riscos reais de produtos estruturados no mercado financeiro.

O que são COEs e como funcionam?

Os COEs são aplicações financeiras "híbridas," que combinam ativos de naturezas distintas, como ações, moedas, índices e taxas de juros, em uma única estrutura. Otávio Araújo, consultor sênior da ZERO Markets Brasil, define o produto como um "combo que mistura renda fixa e variável" com o objetivo de otimizar os ganhos ou proteger o capital.

O COE é sempre baseado em um ativo de referência, como um título de dívida. Bancos emissores utilizam esse ativo e o combinam com instrumentos como opções de compra e venda (calls e puts) para criar estruturas personalizadas. Gabriel Santos, especialista de investimentos da Bloxs, destaca que há uma "gama quase infinita de possibilidades" na montagem desses produtos.

O produto se divide em duas categorias principais de proteção:

  • Capital Protegido: Garante, no vencimento, que o investidor receba ao menos o valor inicial aplicado.
  • Capital em Risco: Oferece maior potencial de lucro, mas o investidor assume a possibilidade de perder parte do principal se a estratégia não se concretizar.
  • Os Riscos do Capital Não Garantido

Apesar da atratividade, os COEs carregam riscos consideráveis. Um dos principais é a ausência de cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Em casos de prejuízo, não há mecanismo para recuperar o valor investido.

O COE é altamente sensível à performance do seu ativo de referência. Se o título de dívida que baliza o COE perder valor, a aplicação sofre uma desvalorização drástica. "O título pode ir a ‘quase a zero’, e a operação estruturada consequentemente também não tem mais valor," alertou Gabriel Santos.

Outras desvantagens incluem a baixa liquidez, já que o resgate é usualmente limitado ao vencimento, e a alta complexidade, que dificulta a compreensão dos riscos e o uso de derivativos por investidores menos experientes.

O Caso Específico de Ambipar e Braskem

Os prejuízos recentes ocorreram em COEs do tipo crédito, ligados aos títulos de dívida da Ambipar e da Braskem, devido à grave deterioração financeira das duas empresas.

A Ambipar enfrenta risco de falência, o que levou a uma queda acentuada em suas ações. Já a Braskem teve sua nota de crédito rebaixada após um empréstimo de US$ 1 bilhão, levantando preocupações sobre sua saúde financeira.

O resultado para os investidores foi devastador: os COEs da Ambipar pagaram apenas 6,88% do valor investido, enquanto os da Braskem retornaram entre 26,62% e 36,97%.

Jeff Patzlaff, planejador financeiro, explicou que esses COEs podem ser encerrados antes do prazo se o ativo de referência desvalorizar drasticamente. Ao acionar o chamado "gatilho," o emissor paga ao investidor o valor de mercado atual do título, e não o valor nominal.

Redação Catve.com com Termômetro da Política

PUBLICIDADE

** Envie fotos, vídeos, denúncias e reclamações para a equipe Portal CATVE.com pelo WhatsApp (45) 99982-0352 ou entre em contato pelo (45) 3301-2642

Mais lidas de Cotidiano
Últimas notícias de Cotidiano