A poucos quilômetros de Cascavel existe uma organização militar de acesso restrito, quase invisível para quem passa pela região. Por questões de segurança, raramente alguém de fora pode entrar. E esta foi a primeira vez que uma equipe de reportagem teve autorização para mostrar como funciona o radar que vigia o céu do Sul do país e parte do Centro-Oeste.
Atrás dos portões está o DTC - Destacamento de Controle do Espaço Aéreo. É aqui que são monitoradas todas as aeronaves que cruzam os céus da região.
Cada voo é acompanhado em tempo real. Aviões comerciais, particulares, de pequeno ou grande porte: todos são monitorados de perto — queiram eles ou não.
As informações captadas pelo radar e pelas antenas de telecomunicações são enviadas para o Cindacta II, em Curitiba, responsável por organizar o tráfego aéreo do Sul do Brasil.
O planejamento de cada voo precisa da autorização da Força Aérea Brasileira. De lá, os controladores acompanham rota, altitude e comportamento de cada aeronave. Se algo foge do esperado, eles intervêm para manter a segurança.
"Todo tipo de aeronave que decola é controlado pelo nosso destacamento. Seja civil, militar, helicóptero ou planador, tudo é monitorado. Em Curitiba, eles detêm as informações do que acontece em todo o espaço aéreo. O Cindacta II obtém informações de toda a região Sul", explica o 1º Tenente Jean Braz de Souza, comandante do DTCEA-Catanduvas.
Enquanto a olho nu não vemos nada além do céu, os radares enxergam tudo. As antenas captam cada comunicação. Nada passa despercebido.
"Mudança de rota, de altitude, telecomunicações, às vezes uma aeronave passando por emergência… tudo é registrado e comunicado com Curitiba", completa o tenente.
A estrutura que abriga o radar impressiona: uma torre gigante coroada por uma esfera branca, chamada radome, que protege o equipamento contra ventos e tempestades. Por segurança, a reportagem não teve acesso à área interna. O sistema, no entanto, nunca descansa: funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano.
"A gente tem geradores duplicados para não ter falha ou interrupção", destaca o Suboficial Guilherme Grummt, especialista em eletrônica e encarregado do radar.
Pouca gente da região sabe, mas o destacamento de Catanduvas já tem 38 anos. A obra começou em 1986 e a unidade entrou em operação em 1987.
E por que Catanduvas, no interior do Paraná? A resposta está na geografia.
"Nós estamos aproximadamente 900 metros acima do nível do mar. Aqui o radar tem uma amplitude melhor para fazer sua varredura. Esse modelo que operamos hoje tem alcance de 250 milhas, cerca de 400 quilômetros", explica o suboficial Grummt.
Até mesmo tragédias aéreas não passaram despercebidas. O voo 2283, que decolou de Cascavel e caiu em Vinhedo em 9 de agosto de 2024, matando 62 pessoas, foi monitorado pelo radar de Catanduvas.
Ainda assim, a missão do destacamento continua sendo a mesma: manter a ordem nos ares e garantir que cada aeronave chegue ao destino em segurança.
Confira mais detalhes no vídeo:
Reportagem de Déborah Evangelista | EPC - ESPORTE, POLÍTICA E CIDADANIA
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