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Pacientes com câncer aguardam além do prazo legal para diagnóstico e tratamento no SUS

Levantamento mostra média de 50 dias para confirmação da doença e 75 para início do tratamento


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Foto: Unsplash

O tratamento de câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS) está longe de ser uniforme entre os brasileiros.

Pela lei, o prazo deve ser de 30 dias para a confirmação do diagnóstico e 60 para o início da terapia, mas, segundo levantamento do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, a média nacional ultrapassa esses limites: são 50 dias até a confirmação da doença e 75 até o início do tratamento.

A situação varia conforme a região. No Norte, a espera para o tratamento chega a 82 dias. No Nordeste e no Centro-Oeste, o prazo é de 67 dias. No Sul, 54 dias. Já no Sudeste, o tempo de espera é de 40 dias, números que revelam a desigualdade do atendimento oferecido pelo SUS no país.

O impacto desses atrasos pode ser visto em casos como o de Eliane, paciente da rede pública, que enfrentou meses de espera até conseguir uma resposta. Foram sete meses entre a suspeita de um nódulo no seio e o diagnóstico de câncer de mama. Ao todo, até a cirurgia para retirada do tumor, passaram-se nove meses.

"Impotência muito grande. Eu estava de mãos atadas. Angústia muito grande. Dormia pensando, acordava pensando. Eu tinha coisa ruim dentro de mim e acordava com ela", relatou Eliane, lembrando da demora.

Para especialistas, a demora está ligada à complexidade do tratamento e à dificuldade de articulação do sistema de saúde. "O tratamento do câncer acontece em vários níveis de atenção, desde a atenção primária até os centros especializados. Isso ainda está muito atrasado em muitas capitais e municípios do Brasil", avaliou Catherine Moura, do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer.

O oncologista Gustavo Nader reforça que o tempo é decisivo. "Quando nós estamos numa situação de um diagnóstico mais tardio, normalmente a doença é mais avançada e a possibilidade de curar também reduz sobremaneira."

Na avaliação do sanitarista Gonzalo Vecina, há falhas estruturais na organização da rede. "A estrutura do SUS está montada na capacidade de financiamento do Ministério da Saúde, responsável por metade dos recursos. A outra metade vem de estados e municípios. Mas cabe às secretarias estaduais de saúde organizar as filas para atendimento de média e alta complexidade. Temos uma falha principalmente dos governos estaduais em oferecer uma estrutura adequada para o diagnóstico precoce e o tratamento do câncer."

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