O drama de Cirlei Coltro, moradora de uma chácara em Ramilândia, no oeste do Paraná, ganhou um novo capítulo neste fim de semana. A casa onde vivia com a família foi destruída por um caminhão-pipa da Prefeitura, que invadiu a propriedade no sábado (13). O veículo estava justamente no local para abastecer a residência com água potável quando perdeu o controle e atingiu a construção.
O problema de Cirlei com o abastecimento de água começou em 2022. Desde janeiro de 2023, a família deixou de receber água encanada. "Eu usava a água da mina, cedida por um vizinho, mas o vizinho veio a construir do lado da mina poluindo a água com fezes humanas, por fazer uma fossa na obra. A gente optou por água da rua, o vizinho foi fazer manutenção no açude para a água não escorrer da enxurrada e cortou as mangueiras da minha água com o trator da prefeitura", relatou.
Sem solução, ela buscou ajuda do Ministério Público e entrou com ação judicial contra o município. A partir disso, a Prefeitura passou a enviar diariamente caminhões-pipa para fornecer água potável à família. Foi em uma dessas entregas, no sábado, que o veículo desgovernado destruiu a residência.
Agora, além de enfrentar a falta de água regular há mais de três anos, Cirlei tenta recomeçar após perder a casa.
No entanto, a moradora afirma que nem mesmo essa água é potável. "Nenhuma vez recebi água potável. A água de uso que tenho é essa, suja, de improviso", desabafou.
Segundo documentos apresentados pela família, análises bacteriológicas da água retirada tanto da caixa d’água da propriedade quanto da mangueira do caminhão-pipa apontaram contaminação, sem condições de consumo. Em um dos vídeos enviados ao Portal Catve.com, é possível ver a fonte improvisada tomada por espuma de produtos de limpeza.
Nota do Ministério Público do Paraná:
Em nota, o Ministério Público do Paraná informou que a moradora ingressou com ação contra o Município de Ramilândia e a Sanepar para garantir acesso à água. Após a intervenção do órgão, a Justiça concedeu uma decisão liminar determinando a realização de obras para regularizar o fornecimento. O MP destacou que houve um desacordo entre a autora e o município quanto ao material e à forma de instalação da rede.
Prefeitura de Ramilândia:
A Prefeitura de Ramilândia, por sua vez, afirma que a água transportada pelo caminhão é potável e tem origem em um poço artesiano que atende cerca de 40 famílias da comunidade Piamarta. O município nega que o veículo tenha sido usado para outros fins e diz que nunca transportou esgoto ou resíduos.
Quanto ao acidente, informou que abriu processo administrativo para apurar o caso e indenizar a moradora pelos danos causados. Também garantiu que o servidor responsável tem habilitação compatível para dirigir caminhão.
Gabi Lira | Catve.com
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