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Cerveja 4.0: malte e tradição encontram a indústria do futuro

Mais de 50 tipos de cervejas e exportações para Américas e Europa


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A paixão é nacional, mas essa bebida, fabricada aqui no interior do Paraná, também caiu no gosto dos estrangeiros.

Do malte até o copo lá fora, cada ingrediente tem o seu papel, mas é a tecnologia que une tudo, no tempo e na medida certa.

Em Toledo, no Oeste do Paraná, uma indústria cervejeira vem chamando atenção. E não é só pelo aroma e pelo sabor: o alto nível de automação e a qualificação da equipe também impressionam.


Com processos dentro do conceito da indústria 4.0, a fábrica já exporta para países da América Latina e da Europa.

Mostra que o Paraná também é terra de cerveja de excelência, produzida em larga escala, com a mesma precisão de um produto artesanal. Começou há 20 anos, com o país vizinho, o Paraguai, depois veio a Bolívia e até os Estados Unidos.


Exportar exigiu mais do que aumentar a produção. Pra ganhar o mundo e dar conta da demanda internacional, sem abrir mão da qualidade, a indústria precisou se adaptar à era da indústria 4.0. Aqui, sensores inteligentes, sistemas de controle remoto e dados em tempo real fazem parte da rotina de produção. A automatização chegou até a cozinha da fábrica: o coração do processo cervejeiro.

Temperaturas, tempos de cozimento e dosagens de ingredientes são controlados por sistemas que reduzem falhas humanas e garantem precisão em cada receita.


Na prática, a indústria 4.0 mudou o jeito de fazer cerveja. O processo, que antes dependia quase que exclusivamente do olhar humano, hoje conta com softwares capazes de controlar toda a jornada de produção, do aquecimento da água ao envase final. A digitalização das etapas permite ajustes em tempo real e garante que cada lote seja fiel à receita original, mesmo com grande escala de produção.

"Nós tivemos que adquirir vários equipamentos [...] E nós, como nós trabalhamos com vários tipos de cervejas, são vários tipos de levedura, e você não pode misturar, pode dar contaminação cruzada, então você tem que ter um cuidado bastante grande", afirma o gerente de administração de vendas, Mauro Bernhard.


A tecnologia não substitui o conhecimento do mestre cervejeiro, mas potencializa o alcance e a consistência do produto final. Com a automação ganhando espaço, o perfil dos profissionais também precisou mudar, técnicos e operadores passaram a ser treinados para lidar com sistemas integrados e manutenção de máquinas inteligentes.

"Temos toda a parte também de manutenção mecânica elétrica, que demanda a mão-de-obra qualificada, que muitas vezes você também tem dificuldade de se preparar, depois que a pessoa está pronta, muitas vezes o mercado acaba tentando retirar essa pessoa de você".


Paladar brasileiro e paladar estrangeiro

De dentro da indústria no Oeste do Paraná, são produzidos mais de 50 tipos de cervejas exportadas para pelo menos 13 países.

A preferência do paranaense ainda é pela cerveja pilsen, afirma o mestre cervejeiro Silvio, esse tipo da bebida é de cor dourada, sabor refrescante e amargor moderado.

Consumidores dos países da América do Sul também apreciam receitas semelhantes, já na Europa, as cervejas enviadas na maior parte são mais fortes, e consumidas com temperaturas mais altas.

A técnica humana

Até hoje a tecnologia jamais substituiu o olhar atento e o paladar experiente do alquimista do lúpulo.


Para garantir a excelência de cada lote, existe um verdadeiro ritual na fábrica — uma cerimônia diária feita com olhos atentos e paladar afiado.

A equipe especializada se reúne, taça na mão, em silêncio quase reverente. A cerveja é servida com cuidado, e antes mesmo do primeiro gole, vem o olhar crítico: ela é erguida contra a luz branca, como se fosse examinada sob um holofote. Nenhuma turbidez, nenhuma impureza passa despercebida.

Depois, é a vez do sabor falar. Cada gole é avaliado com precisão, buscando qualquer detalhe que fuja da receita original.

Não é só degustação. É memória, é tradição. É o compromisso diário de entregar uma cerveja à altura da história que ela carrega.


Repórter Gabi Lira e Repórter Cinematográfico Tiago Brito | Catve.com

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