Foto: Vatican News
Na tarde de 13 de maio de 1981, mais de 20 mil pessoas se aglomeravam na Praça de São Pedro para ver o Papa João Paulo II. O Pontífice, em pé em seu jipe branco, cercado por seguranças de terno escuro, cumprimentava a multidão, que se acotovelava atrás de uma cerca baixa. O clima era de alegria até que, às 17h17, um disparo interrompeu a celebração. O líder da Igreja Católica caiu no banco do veículo, com o rosto contraído de dor, sem que muitos presentes entendessem imediatamente o que havia acontecido.
O ataque e a fuga frustrada
Assim que perceberam que o Papa havia sido atingido, o motorista e os agentes vaticanos aceleraram, deixando para trás uma multidão em choque. Alguns fiéis choravam, outros desmaiaram. Na confusão, o atirador tentou fugir, mas foi detido por testemunhas, incluindo uma freira, que o viram disparar contra o Pontífice. Ele jogou a arma — uma pistola Browning HP 9mm — sob um caminhão, mas foi imobilizado e entregue às autoridades. A pergunta que ecoava era: quem era aquele homem e por que ele tentara assassinar o Papa?
O passado sombrio de Ali Agca
Mehmet Ali Agca, um turco de 23 anos, não era um desconhecido. Membro da organização ultranacionalista Lobos Cinzentos, ele já havia assassinado o jornalista Abdi Ipekçi em 1979. Preso, fugiu da cadeia com ajuda de cúmplices e, em 1980, partiu para a Europa com documentos falsos. Em Roma, reuniu-se com outros extremistas para executar o ataque. O plano incluía uma bomba que nunca explodiu, complicando sua fuga.
O atentado e suas consequências
Agca posicionou-se na praça, disfarçado de turista. Quando o Papa passou, ele disparou quatro tiros, atingindo o abdômen, o braço e a mão de João Paulo II. O Pontífice foi levado às pressas para o hospital, onde passou por uma cirurgia de cinco horas. Antes da operação, em um momento de lucidez, pediu que não removessem seu escapulário. Mais tarde, atribuiria sua sobrevivência à intercessão de Nossa Senhora de Fátima, cuja festa era celebrada naquele dia.
As teorias por trás do crime
As motivações de Agca permanecem nebulosas. Ele deu versões contraditórias, incluindo alegações de uma conspiração envolvendo a KGB e a Bulgária — supostamente em retaliação ao apoio do Papa ao movimento polonês Solidariedade. Nenhuma prova conclusiva foi encontrada. Em 1983, João Paulo II visitou Agca na prisão, perdoando-o publicamente. Anos depois, o turco foi libertado na Itália, mas extraditado para a Turquia, onde cumpriu pena pelo assassinato do jornalista.
O gesto final
Em 2014, Agca voltou ao Vaticano para depositar flores no túmulo de João Paulo II, afirmando: "Senti que precisava fazer isso. Muito obrigado, Santidade". O atentado, que completa quatro décadas, segue como um dos episódios mais marcantes do século XX, cercado de mistérios e simbolismos.
Antonio Mendonça/ Catve.com
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