Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Com o objetivo de reduzir os déficits acumulados desde 2022, os Correios anunciaram nesta segunda-feira (29) um amplo Plano de Reestruturação para o período de 2025 a 2027, que prevê a captação de R$ 12 bilhões em crédito e o fechamento de cerca de 16% das agências próprias da estatal, o equivalente a aproximadamente mil das 6 mil unidades existentes no Brasil.
O anúncio foi feito pelo presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, durante entrevista coletiva na sede da empresa, em Brasília. Segundo ele, a operação financeira é considerada decisiva para conter a crise de caixa e viabilizar as mudanças estruturais previstas no plano.
Do total captado, R$ 10 bilhões serão liberados até 31 de dezembro de 2025, enquanto os R$ 2 bilhões restantes devem ser desembolsados até 30 de janeiro de 2026. O recurso será utilizado para normalizar o fluxo financeiro da empresa, quitar obrigações em atraso e recuperar a credibilidade junto a fornecedores, empregados e clientes.
"O crédito nos permite interromper a espiral negativa herdada, recuperar a capacidade operacional da empresa e avançar com segurança na reestruturação. É o ponto de virada para recolocar os Correios em uma trajetória sustentável", afirmou Rondon.
De acordo com o diagnóstico apresentado, os Correios enfrentam um déficit estrutural superior a R$ 4 bilhões por ano, além de patrimônio líquido negativo de R$ 10,4 bilhões e prejuízo acumulado de R$ 6,057 bilhões até setembro de 2025. O levantamento também aponta queda significativa nos indicadores de qualidade e liquidez da estatal.
Entre as medidas já em andamento, está a alienação de imóveis sem uso operacional, após revisão da carteira imobiliária da empresa. A expectativa é arrecadar cerca de R$ 1,5 bilhão, reduzindo custos de manutenção e contribuindo para o reequilíbrio financeiro.
Outra frente é a reabertura do Programa de Demissão Voluntária (PDV) a partir de janeiro de 2026, com potencial de adesão de até 15 mil empregados entre 2026 e 2027. A economia anual estimada é de R$ 2,1 bilhões, com impacto pleno a partir de 2028.
O plano também prevê o reequilíbrio do plano de saúde, com economia projetada de R$ 700 milhões por ano a partir de 2027, além da renegociação de passivos judiciais. Somadas, as medidas devem gerar uma redução de despesas de cerca de R$ 5 bilhões até 2028, segundo a direção da estatal.
Na área de investimentos, os Correios estimam aplicar R$ 4,4 bilhões entre 2027 e 2030, com financiamento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB/Brics). Os recursos serão destinados à automação de centros de tratamento, renovação da frota com foco em descarbonização, modernização da infraestrutura de tecnologia da informação e redesenho da malha logística.
O plano também prevê a ampliação de receitas com atuação em e-commerce, logística de última milha, saúde, agronegócio, integração internacional, seguros e serviços financeiros, incluindo conta digital. A expectativa é gerar mais de R$ 8 bilhões em receitas adicionais até 2029 e retomar resultados positivos a partir de 2027.
"Este plano reafirma os Correios como um ativo estratégico do Estado brasileiro, essencial para integrar o território nacional e garantir acesso igualitário aos serviços, especialmente onde ninguém mais chega", destacou Rondon.
Redação Catve.com
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