Política

Qual o custo de manter seu dinheiro no Brasil? - por Ayslan Guetner


Imagem de Capa

Haddad e Tebet — Foto: Diogo Zacarias/MF

No dia 22 de maio, o governo brasileiro anunciou uma nova regra que, à primeira vista, pode parecer apenas mais um ajuste fiscal: a unificação do IOF em 3,5% sobre operações envolvendo recursos enviados ao exterior. Isso inclui o uso de cartões internacionais, remessas, compra de moeda estrangeira e, principalmente, investimentos em corretoras fora do país — antes isentos dessa cobrança.

Mas não se engane: o novo IOF representa uma ameaça à diversificação de patrimônio. E, nesse cenário, a mensagem do governo é clara: "Quer acessar o mercado global? Vai pagar por isso."

O problema é ainda maior quando consideramos a armadilha silenciosa que prende o investidor brasileiro dentro das fronteiras nacionais. Com uma taxa Selic ainda em 14,75%, o incentivo para manter recursos em aplicações de renda fixa é evidente. Mas a estabilidade que ela promete é ilusória. Trata-se de uma "prisão confortável", onde o custo da segurança é a perda de oportunidades reais de crescimento.

Vamos aos fatos:

No Brasil, o valor de mercado da bolsa gira em torno de US$ 700 bilhões, com um volume diário de US$ 5 bilhões e apenas 439 empresas listadas. Apenas 2,4% da população investe em ações. Em contraste, nos Estados Unidos, o mercado supera os US$ 50 trilhões, com volume diário acima de US$ 1 trilhão, mais de 4 mil empresas listadas e 55% da população investindo. A diferença não é só de escala, é de mentalidade e acesso.

Diversificação importa. E os números provam isso. Nos últimos cinco anos, R$ 10 mil investidos no S&P 500 teriam se transformado em R$ 22.286 (já considerando câmbio e impostos). O mesmo valor teria rendido R$ 14.758 no Ibovespa ou R$ 14.549 no CDI. Ou seja, o custo da imobilidade — de manter 100% do patrimônio em um único país — é mais alto do que muitos imaginam.

Ainda assim, segundo dados da FGV, 95% dos brasileiros mantêm seus investimentos exclusivamente no mercado doméstico. São reféns de uma combinação perigosa: risco político, instabilidade econômica, moeda fraca e uma cultura financeira que desestimula a internacionalização.

Sim, o IOF de 3,5% encarece o acesso ao mercado global. Mas e quanto custa manter-se preso a um país intervencionista, com gestão fiscal precária e riscos concentrados? O que dói mais: pagar um pedágio para entrar num mercado 50 vezes maior e mais eficiente, ou aceitar o empobrecimento gradual pela estagnação?

A resposta é uma escolha pessoal, mas o mundo não vai te aguardar.

artigo escrito por Ayslan Guetner

PUBLICIDADE

** Envie fotos, vídeos, denúncias e reclamações para a equipe Portal CATVE.com pelo WhatsApp (45) 99982-0352 ou entre em contato pelo (45) 3301-2642

Mais lidas de Política
Últimas notícias de Política