Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A velocidade em que a popularidade do governo Lula cai é, realmente, impressionante. De acordo com a pesquisa Ipsos-Ipec, divulgada no dia 13 de março de 2025, 41% dos brasileiros classificam o governo como ruim ou péssimo. Este número era de 34% três meses atrás. A desaprovação no que diz respeito a administração do país, ainda segundo a pesquisa, subiu de 46% para 55%. A pesquisa mais recente mostra ainda que apenas 27% aprovam o governo, enquanto 30% dos entrevistados o classificam como regular.
As pesquisas estão preocupando o governo, que vê sua popularidade cair nos estados do nordeste brasileiro, entre as mulheres e entre a população mais pobre. Ou seja, nem mesmo a base eleitoral do Partido dos Trabalhadores está suportando a popularidade de Lula. E, conforme a popularidade cai, mais perdido o governo demonstra estar. A esta altura não há mais nenhum plano de governo, e a única preocupação é tentar reverter a situação pensando nas eleições presidenciais de 2026.
As tentativas são de implementação de medidas populistas que objetivam a eleição de Lula ou de um sucessor, e não tem nenhuma relação com a mudança estrutural de patamar da economia do Brasil. O grande problema, no entanto, do ponto de vista das lideranças governamentais, é que o próprio governo se encurralou.
A grande quantidade de dinheiro injetada na economia para impulsionar o crescimento sem a capacidade de absorção da cadeia produtiva começa a cobrar seu preço. A inflação do mês de fevereiro foi a maior dos últimos 22 anos. E conforme o tempo passa e a inflação aumenta, mais o governo se atrapalha. Isso porque não há, de fato, medidas concretas para reverter o problema de forma sustentável, restando apenas meios paliativos para tentar impulsionar mais a economia e aliviar o descontentamento.
Inflação alta, rombo fiscal que segue gigantesco e taxas de juros que aumentam ainda mais o endividamento do Brasil. A origem de todos esses problemas está na visão econômica do governo e na ideologia que impede a adoção de uma cartilha que realmente gere desenvolvimento econômico sustentável.
Os responsáveis pela nossa política econômica não acreditam em reformas estruturantes de redução de gasto público, desburocratização, desestatização de empresas, liberalização econômica para impulsionar o investimento privado e aumentar a capacidade produtiva. Tampouco em menor carga tributária e abertura comercial. Pois bem, que instrumentos restam então?
O primeiro deles seria manipular o Banco Central e forçar a queda da taxa de juros. Neste ponto, possuímos dois "problemas". Primeiro: o Bacen é independente e deve adotar uma postura técnica, sem intervenção governamental. Segundo: minar a confiança do Banco Central resultaria em desvalorização cambial ainda maior, disparada da inflação e, consequentemente, dos juros. Em outras palavras, mais impopularidade.
Outra alternativa seria aumentar ainda mais os gastos públicos. Porém, não há mais espaço para tal aumento. Primeiro porque não há contrapartida, ou seja, a carga tributária já aumentou consideravelmente e anunciar mais tributos ou majoração das alíquotas também geraria um efeito negativo na popularidade de Lula. Segundo porque a falta de compromisso do governo com as contas públicas fez com que percepção de risco dos investidores com relação a capacidade de o Brasil honrar seus compromissos aumentasse muito, e isso tem feito com que o endividamento do país cresça assustadoramente. Um aumento nos gastos pioraria esta percepção e, convenhamos, brigar com quem lhe empresta dinheiro não é uma boa ideia.
Esse é o grande dilema enfrentado pelo governo Lula atualmente e, diante disto, a chance de o governo "dobrar a aposta" é enorme. A estratégia que está sendo desenhada pela base do governo é arrumar mecanismos para impulsionar a economia para garantir a reeleição em 2026. É a mesma estratégia que foi utilizada por Dilma Roussef em 2014. A questão é, vai dar tempo de reverter um quadro que ainda não chegou no seu momento mais crítico? E caso o governo garanta a reeleição, qual será a magnitude do ajuste econômico? Porque ele virá, assim como veio em 2015.
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