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O Paraná iniciou uma ação inédita no país: o uso da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) como base no atendimento a pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa é conduzida pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e representa um passo importante na qualificação de profissionais que atuam com o público autista na rede pública.
O projeto conta com investimento de mais de R$ 3 milhões e tem parceria com o The Scott Center for Autism Treatment, ligado ao Florida Institute of Technology (Florida Tech), dos Estados Unidos — uma das instituições de maior reconhecimento mundial no campo da ABA. Três professores do centro estão no Paraná para conduzir a etapa presencial da formação.
A fase final do Curso de Aperfeiçoamento em Avaliação e Atendimento da Pessoa com TEA começou nesta segunda-feira (13) e reúne profissionais de várias áreas da saúde, como médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, dentistas e nutricionistas. O treinamento inclui 195 horas de capacitação, sendo 155 a distância e 40 presenciais, realizadas em Curitiba, Londrina, Foz do Iguaçu e Maringá. Ao todo, 350 profissionais participam do programa.
O secretário estadual da Saúde em exercício, César Neves, destacou que o Paraná é o primeiro estado a implementar a ABA de forma estruturada no SUS. Segundo ele, o objetivo é oferecer um atendimento mais humanizado e eficiente às pessoas com autismo e suas famílias.
Desde 2020, o Estado mantém parceria com o Florida Tech em ações de capacitação. Já foram realizados cursos para 2,5 mil profissionais da saúde e para mais de 70 mil pais, cuidadores e educadores. Em 2023, o Paraná também publicou o Protocolo Estadual de Avaliação e Atendimento à Pessoa com Autismo, outro marco na política pública voltada ao tema.
A coordenadora do curso, Aurélia Lima Costa Ribeiro, doutora em Análise do Comportamento e certificada internacionalmente como BCBA-D, explica que a ABA é uma ciência baseada em evidências e não apenas um método terapêutico. "Aplicar a ABA no SUS significa entender o porquê dos comportamentos e criar estratégias que previnam crises e estimulem novas habilidades", afirmou.
Para os instrutores do curso, a capacitação tem potencial de transformar o atendimento público. O fonoaudiólogo Daiton Martins, do Florida Tech, ressaltou o pioneirismo do estado. "O Paraná está à frente do país. A ABA existe há mais de 50 anos, mas vê-la implementada de forma efetiva no SUS é algo único", disse.
A psicóloga Amanda Bueno, também integrante da equipe norte-americana, reforçou que o foco é formar multiplicadores. "Esses profissionais vão preparar toda uma rede de saúde capaz de oferecer diagnósticos mais seguros e garantir mais tranquilidade às famílias", destacou.
Com essa iniciativa, o Paraná se posiciona como referência nacional na aplicação da ABA na saúde pública, unindo ciência, capacitação e políticas voltadas à inclusão de pessoas com autismo.
Antonio Mendonça/ Catve.com/ AEN
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