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Cleicimar da Silva Marques concedeu entrevista ao Programa EPC e contou, na tarde desta sexta-feira (9), a versão sobre o parto demorado do filho que terminou com a morte do recém-nascido. A mãe relatou negligência dos profissionais de saúde, ferimentos causados na cabeça do bebê e o posicionamento da equipe médica.
"Eles alegaram que o Davi ficou sem oxigênio no cérebro e, depois, eles alegaram a questão do pulmão e a questão do coração. Por falta de oxigênio, pulmão e coração foram afetados, mas ele era perfeito nos exames e no ultrassom", detalha Cleicimar.
"No nosso entendimento de pai e mãe, eles maquiaram e fizeram um teatro porque eles viram que a situação realmente ficou muito grave por conta da demora, por conta da negligência de uma cesárea", complementa a mãe.
Na avaliação da gestante, os profissionais poderiam ter feito a cesárea. Os pais chegaram a solicitar o procedimento pelo menos duas vezes, mas tiveram os pedidos negados em ambas as ocasiões.
Antes do procedimento, a mãe conta que estava na cama sentindo contrações. Depois de fazer força durante o parto, uma profissional estourou a bolsa.
Nesse momento, ela começou a sentir o ‘círculo de fogo’ — sensação intensa de calor e pressão que algumas gestantes sentem quando a cabeça do bebê está prestes a nascer, no momento da coroação.
"Aquele círculo de fogo ficou por mais de dez minutos. Depois, eu coloquei a mão de novo quando a bolsa já tinha estourado e já estava coroado. Estava seco como a bolsa já tinha estourado. Fazia mais de dez minutos, quinze. Eu passei a mão e já estava seco. Eu pensei, meu Deus, eu vou sentir esse ardor até quando? Eu não conseguia nem falar nem tomar água", disse Cleicimar.
Passaram-se, ao todo, vinte minutos com o bebê preso no canal vaginal. A profissional informou a paciente que iria fazer a episiotomia, procedimento cirúrgico no qual se faz uma incisão no períneo (área entre a vagina e o ânus) para ampliar a abertura vaginal e facilitar a saída do bebê.
"Ela aplicou as anestesias ali, e eu acho que foi nessa hora que ela acertou a cabeça do Davi com a agulha. A gente não sabe se ela aplicou anestesia ou não. Ela fez o corte, eu dei um berrão. Depois, ela fez mais um corte; eu dei mais um berro. Foi quando o Davi nasceu, mas ele já estava desfalecido. A gente não sabe se ele estava morto ou não", conclui a mãe.
Família denuncia negligência no parto
A morte do recém-nascido Davi Matheus, que estava internado na UTI Neonatal do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP), levou os pais a denunciarem a suposta negligência médica à Polícia Civil. Eles alegam que houve demora no início da indução do parto e resistência por parte da equipe em realizar cesárea, mesmo diante de sinais de sofrimento fetal.
Segundo o pai, Matheus Guilherme de Bona, a gestante Cleicimar deu entrada no hospital às 5h da manhã. O primeiro comprimido para indução do parto só foi administrado por volta das 11h.
Às 14h, foi aplicada uma segunda dose. No fim da tarde, Cleicimar começou a sentir fortes dores, e o pai pediu pela cesárea, mas o pedido foi negado.
Às 21h, o trabalho de parto avançou. Conforme o relato, o casal voltou a pedir a cesárea, mas a solicitação não foi atendida.
O parto aconteceu às 23h40 e o bebê teria apresentado dificuldades no momento da saída. "Ela pegou pela cabeça, girou e puxou com força. Ele saiu mole", contou o pai.
Após o nascimento, Davi precisou ser intubado e levado à UTI. A morte foi confirmada na tarde de quarta-feira (7). A família também relatou à reportagem um machucado na cabeça do bebê, que pode ter sido causado no momento da anestesia administrada à mãe.
HUOP diz que seguiu protocolos e lamenta morte
Em resposta à denúncia, o Hospital Universitário do Oeste do Paraná afirmou que não comenta casos individualizados por conta da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), mas, de forma excepcional, se manifestou sobre a ocorrência envolvendo o recém-nascido.
Segundo a nota oficial enviada à imprensa, todos os protocolos adotados em partos humanizados foram seguidos pela equipe médica. O hospital informou que o bebê nasceu em parada cardíaca e que a equipe realizou os procedimentos de reanimação ainda na sala de parto.
Após o primeiro atendimento, o recém-nascido foi encaminhado à UTI Neonatal, onde permaneceu sob cuidados intensivos. Mesmo com os esforços da equipe, a criança não resistiu e teve a morte confirmada no dia seguinte ao parto.
O caso segue sob investigação da Polícia Civil.
Por Samuel Rocha | Catve.com
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