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STJD diz que há 'indícios fortes' de racismo de Rafael Ramos, do Corinthians, contra Edenílson, do Inter

Relato do caso encaminhou uma denúncia para a procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva


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Foto: Silvio Avila/Getty Images

A denúncia de Edenílson, do Internacional, contra Rafael Ramos, do Corinthians, pode ganhar desdobramentos importantes nos próximos dias. Edenílson acusa Rafael de racismo em um jogo do Campeonato Brasileiro no dia 14 de maio. O auditor do STJD, Paulo Sérgio Feuz, concluiu o procedimento e encaminhou uma denúncia contra o lateral português. De acordo com Feuz, há indícios fortes de ofensas de cunho racial por parte do jogador do time paulista contra o meio-campista da equipe gaúcha.

Feuz é relator do caso no Supremo Tribunal de Justiça Desportiva e afirmou em sua decisão que uma perícia labial foi contratada pelo tribunal e que ela demonstrou que "existe indícios fortes com ofensas de cunho racial oriunda do atleta Rafael Antônio Figueiredo Ramos".

A recomendação do STJD, por meio do relatório do auditor, é que Rafael Ramos seja denunciado pelo artigo 243-G, que trata sobre "ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência".

A confusão aconteceu quando as equipes se enfrentaram no Beira-Rio pelo Campeonato Brasileiro. Ramos teria chamado Edenílson de "macaco" no 2° tempo do duelo. O jogo foi paralisado por alguns minutos pela arbitragem, e o português chegou a ser detido ainda no estádio.

Diferente do entendimento do STJD, um laudo entregue no mês de junho pelo Instituto Geral de Perícias, à Polícia Civil do Rio Grande do Sul, concluiu que não foi possível identificar as palavras que teriam sido ditas pelo jogador do Corinthians.

Confira abaixo a decisão do inquérito:

"O STJD, como órgão judicante, limita-se a analisar, processar e julgar, dentro de sua competência e atribuição, de forma independente, matérias referentes às competições desportivas disputadas e às infrações disciplinares cometidas pelas pessoas naturais ou jurídicas mencionadas no art. 1º, parágrafo 1º, do CBJD, conforme preconizam os artigos 3º, I e 24, do referido diploma desportivo.

Como é cediço, o inquérito na esfera desportiva tem como objetivo apurar a existência de infração disciplinar e determinar a sua autoria, para subsequente instauração de ação cabível (art.81, do CBJD).

Portanto, o inquérito serve para buscar os elementos que evidenciem suposta prática de infração disciplinar e sua autoria, não cabendo nesta seara qualquer sumária de culpa, ou seja, sua finalidade está limitada a apurar a prática da infração desportiva capitulada.

No caso em tela, apura-se suposto ato de cunho discriminatório, capitulado no artigo 243-G, do CBJD, que é praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.

Os autos do inquérito desportivo devem ser instruídos com peças e informações que demonstrem efetivamente a prática de uma infração disciplinar desportiva.

O conjunto probatório elaborado neste inquérito, e principalmente a Perícia Labial contratada por este Egrégio Tribunal, demonstraram que existe indícios fortes com ofensas de cunho racial oriunda do Atleta RAFAEL ANTÔNIO FGUEIREDO RAMOS da equipe do Sport Club Corinthians Paulista, direcionada ao atleta EDENÍLSON ANDRADE DOS SANTOS, da equipe do Sport Club Internacional, ocorrida na partida realizada no dia 14.05.2022, válida pelo Campeonato Brasileiro - Série A, entre as equipes do Internacional (RS) e Corinthians (SP).

Importante frisar que, não cabe na fase de inquérito a este Auditor Processante analisar casos de excludente de responsabilidade, impugnação de laudos, fato este que cabem aos Auditores Julgadores, após a competente Denúncia a ser proposta pela Douta Procuradoria de Justiça Desportiva.

Logo, não resta alternativa para a conclusão do presente inquérito que não seja apuração da Responsabilidade Desportiva através do devido Processo legal, ocasião que será oportunizada as partes defenderem suas teses, apresentar novas provas, nomear assistentes técnicos e apuradas eventuais excludentes de responsabilidade e atenuantes e ou agravantes do fato infrator.

A intolerância racial é nociva e atinge a Dignidade da Pessoa Humana, bem maior tutelado na Constituição Federação de 1988 e, em especial no presente caso do atleta EDENÍLSON ANDRADE DOS SANTOS.

Ainda destacamos que em janeiro de 2022, foi editado o Decreto 10.932/22 pelo Presidente da República que Promulgou a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância, firmados pelo Brasil em 05 de junho de 2013, e aplicável de forma cogente ao presente caso.

Diante do exposto e considerando o conjunto dos elementos probatórios capazes de caracterizar a prática da infração desportiva capitulada no artigo 243-G, caput, do CBJD, devendo o presente inquérito ser remetido à Procuradoria Geral Desportiva, para as providências de denúncia ao atleta RAFAEL ANTÔNIO FIGUEIREDO RAMOS, nos termos do artigo 82, parágrafo 3º, do CBJD", explicou o auditor Paulo Sérgio Feuz.


Redação Catve.com

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