Quatro anos no comando do Carlos Barbosa. O técnico Marquinhos Xavier chegou ao clube na temporada 2014, depois de deixar o Marechal e comemorou esta semana quase 300 jogos defendendo o time laranja no Rio Grande do Sul: 180 vitórias, 46 empates e 48 derrotas.
A estreia foi com um empate em 2 a 2 contra o time de Santa Cruz do Sul, pelo Gauchão. Xavier levou o Carlos Barbosa para 14 finais e conquistou 10 títulos, incluindo Liga Nacional e duas Libertadores.
A evolução e o bom desempenho na ACBF fez com que assumisse a Seleção Brasileira.
Confira a entrevista completa concedida pelo treinador e publicada no site oficial da equipe?
O QUE VOCÊ PODE DIZER DESTES QUATRO ANOS NA ACBF?
São quatro anos intensos divididos em algumas etapas. A primeira foi o início bem marcante. Gerou uma mudança não só na estrutura, mas também no comportamento da equipe em 2014. Depois veio a fase de estruturação e recomposição, onde a gente consegue ganhar espaço novamente no cenário do futsal. A ACBF sempre teve muito respeito. Modificou a sua forma de jogar e isso é uma tarefa bem difícil. A gente conseguiu encontrar uma solução com a comissão técnica para ganhar não apenas um torneio, mas para a gente se manter competitivo por um bom tempo. Isso aconteceu e conseguimos ter uma identidade de uma equipe competitiva e que poderia brigar por todas as competições. A gente está seguindo esse caminho. Procuramos ser fieis às nossas convicções, ao que a gente planejou lá atrás. Claro que redimensionamos algumas coisas, pois no esporte é importante entender que tudo está em movimento e dessa maneira são quatro anos muito importantes para minha vida profissional.
Tive a oportunidade de ganhar os meus títulos nacionais, internacionais, e dessa forma tenho que agradecer a oportunidade de pode realizar alguns dos meus desejos. Meu acesso à Seleção Brasileira vem através desse trabalho na ACBF. Claro que sozinho ninguém faz nada. Assim como conseguimos formar jogadores em Carlos Barbosa, conseguimos formar uma comissão técnica. Nesse ciclo, praticamente todos nós começamos juntos. Juntos a gente cresceu, aprendeu e hoje a gente continua fazendo um trabalho muito bacana. Muitos atletas passaram nesses quatro anos, alguns com uma passagem longa e outros com uma passagem mais rápida, mas seguimos aqui fazendo o trabalho para render grandes resultados pela frente.
NESSES 274 JOGOS À FRENTE DA ACBF, QUAIS SÃO OS QUATRO JOGOS MAIS MARCANTES?
Os números são expressivos e contam uma história vencedora. Fruto de uma sensibilidade daqueles que comandam a equipe junto comigo para encontrar soluções de problemas que encontramos rotineiramente. É uma equipe que consegue enxergar um pouco além e isso facilita o trabalho da nossa comissão.
Os jogos marcantes vou citar o de 2014 contra o Sananduva, que nos eliminou no Estadual (nas quartas de final). Foi uma eliminação precoce e aquele jogo foi um divisor de águas. Antes daquele jogo eu já imaginava que teria que mudar muitas coisas na equipe. Mas as pessoas ainda não se convenciam disso e achavam que as mesmas soluções resolveriam problemas diferentes. Não era mais assim. Era importante mudar uma série de coisas e naquele jogo ficou claro que as coisas teriam que acontecer. Então esse jogo para mim é um jogo muito importante. Foi uma eliminação, uma derrota, mas que trouxe a possibilidade de as pessoas entenderem que era importante mudar e a mudança aconteceu.
O outro jogo foi em 2015, final da LNF (jogo de volta). Foi importante não só pela conquista do título, nem por ser o meu primeiro título de Liga, mas pela atmosfera por tudo que aconteceu naquele 29 de novembro de 2015, em Carlos Barbosa. Foi uma coisa surreal com o ginásio lotado, uma grande apresentação da equipe e mais uma conquista. Esse foi um jogo que marcou bastante.
Depois, foi a partida entre nós e Barcelona, no Mundial de 2016, em Doha, no Catar. Estávamos perdendo por 3x0 e estaríamos eliminados, mas conseguimos empatar e fomos para a semifinal. Para mim é um jogo muito marcante.
O outro jogo especial foi muito recente. Vivemos há poucos dias a conquista da Libertadores, em Carlos Barbosa. Por tudo que a ACBF fez em termos de organização, pela festa, pela excelência na produção do evento. Esse jogo precisaria terminar com o título da Libertadores. São os quatro jogos mais marcantes da minha vida profissional.
SÃO 14 FINAIS E 10 TÍTULOS EM 4 ANOS. EM 2014 VOCÊ IMAGINAVA QUE ISSO PODERIA ACONTECER?
Quando eu assumi a ACBF, confesso que eu esperava muita coisa no trabalho. Mas eu tinha na minha cabeça que precisava passar uma barreira. Sempre usei uma frase: "se eu passar os três meses, eu duro três anos". Passei os três meses e agora completo quatro anos. Precisava passar por essas barreiras, principalmente a desconfiança, que é natural no esporte, de que um jovem poderia estar ao lado de outros grandes treinadores que já passaram por aqui. Então a sombra e a atmosfera pressionavam bastante. Me recordo quando cheguei em Carlos Barbosa como técnico da ACBF, senti aquele peso e a energia positiva. Vi os quadros e fotos e pensei naquele momento que um dia eu teria o meu quadro, a minha imagem também materializada na história da ACBF. Eu desejava isso. Fiz isso com a máxima entrega e dedicação para poder materializar essa passagem. Esperava que acontecesse isso. Claro que alguns momentos você conquista algumas coisas que você não imaginava, mas a gente também perdeu conquistas que a gente achava que eram possíveis. É normal, pois a vida te dá aquilo que você não espera e te tira aquilo que está na sua mão. Planejei trilhar esse caminho de vitória e graças à Deus tem acontecido.
VOCÊ ACREDITA QUE JÁ ESTÁ NA HISTÓRIA COMO UM DOS MAIORES TÉCNICOS DA ACBF?
Eu esperava ter uma passagem marcante aqui. Aprendi com o meu pai falando que a gente tem que marcar a nossa passagem pelos lugares onde a gente passa. Podemos ser os protagonistas das nossas vidas e isso é importante.
Eu queria sim, pois todos os profissionais que me antecederam são vitoriosos, são referências. Eu era muito jovem quando vi as conquistas do Paulo Mussalem e do Jarico, que são os dois mais vitoriosos aqui dentro e dos quais tenho uma admiração e respeito enorme. Lembro que uma vez o Jarico, muito gentilmente como sempre, falou uma frase que me marcou muito. Ele disse: ?bem-vindo ao clube dos campeões?. Naquele momento eu pensei: ?estou ao lado de dois grandes treinadores e que isso me orgulha bastante?. Acho que tenho uma história. Mas que não é pessoal. Minha história que representa a história do (supervisor) Lavoisier, do (auxiliar técnico) Edgar, do (preparador físico) Micuim, do (auxiliar de preparador de goleiros) Itamar, do (massagista) Farroupilha, do (médico) Doutor Paulo Nery, do (fisioterapeuta) Cris, do Seu Inácio (zelador), da Dona Natália (serviços gerais), e também do Guaíba (preparador de goleiros), que chegou recentemente. A minha vitória é a vitória dessas pessoas. São elas que precisam de paciência para me aturar todos os dias, que precisam de alguém que eles confiem e acho que eu passo confiança para eles em momentos decisivos.
Acho que não estou sozinho ao lado dos grandes treinadores da ACBF.
Consegui trazer comigo todas essas pessoas. Sem mencionar todas as pessoas da área administrativa e do conselho da ACBF.
Fico feliz por escrever um longo caminho numa equipe tão vitoriosa da qual tenho que agradecer muito por fazer parte.
Redação Catve.com/Com assessoria